Uma paixão antiga

A paixão pelo sagrado boi branco da Índia vem de longe, do século XIX. Começou por Uberaba, no Triângulo Mineiro, e fez pacatos fazendeiros se aventurar no mar e até fazer guerra com os paulistas. Ao contrário dos criadores do Rio de Janeiro, que traziam gado da Índia por meio de importadoras, em 1898 os fazendeiros de Uberaba resolveram tomar um navio e ir buscá-lo no subcontinente indiano.

Antes disso, há indícios de que o primeiro rebanho de zebu que se estabeleceu no Brasil foi na Fazenda Santa Cruz, do imperador dom Pedro I, no Rio de Janeiro. Mas as importações direcionadas da raça só começaram a partir de 1870 por iniciativa de criadores dos estados do Rio e da Bahia. A importação considerada mais importante foi a de 1962, última feita por fazendeiros de Uberaba e Barretos.
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O navio dinamarquês Cora, com tripulação alemã, atracou em Fernando de Noronha desembarcando 84 cabeças, para uma quarentena de oito meses. O lote incluía os principais reprodutores, de grande influência genética no rebanho brasileiro: os touros “Taj Mahal”, “Kavardi”, “Golias”, “Rastã”, “Godhavari”, “Gonthur”, “Akasamu”, “Padhu”, “Godar”, “Brahmine”, “Nagpur” e as vacas “Landri”, “Chinttaladevi”, “Chapathy” e “Cora”, nome dado em homenagem ao navio. – Antes disso, tínhamos apenas dois ou três touros com peso superior a 1.000 quilos. Hoje, essa marca é de garrote de apenas 30 meses – afirma o nelorista Orestes Prata Tibery, ex-presidente da ABCZ.

Hoje, o nelore é a raça de zebu mais difundida no país e representa cerca de 80% do rebanho nacional, ou seja, quase toda a nossa carne exportada é a do zebu branco, o nelore. Há um número impressionante: o Brasil abate atualmente um boi a cada segundo. Com a proibição das importações, o desenvolvimento de técnicas de inseminação artificial, a transferência de embriões e a fertilização in vitro fizeram o negócio do nelore de elite crescer. O preço médio de um embrião de primeira linha gira em torno de R$ 30 mil; uma ampola de sêmen, que corresponde a uma carga de caneta esferográfica, pode chegar a R$ 5 mil.


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