Uma “palhinha” digital

Com muito debate, interatividade e boa música terminou nesta sexta-feira (2) o Cibercultura 10+10, realizado no auditório Guarany, na cidade de Santos. Após um primeiro dia muito teórico e filosoficamente desgastante, no qual os palestrantes debatarem muito sobre a história e o futuro do mundo virtual, o segundo prometia ser mais lúdico, com oficinas de mixagem de música e Gilberto Gil, palestrante do evento, tocando ao vivo ao lado de seu filho, Bem Gil.
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Logo no início do dia, Gil se posicionou atrás do microfone e com sua guitarra empunhada no peito. Entre um acorde e outro, o ex-Ministro contou um pouco de seu envolvimento com a música. Os outros palestrantes faziam parte da plateia que prestigiava as histórias de Gil. Quando o assunto finalmente chegou em suas músicas ligadas ao mundo virtual, que ele visionariamente escreveu em meados da década de 1970, Gil contou que começou a realmente refletir sobre esse assunto quando foi perseguido e preso pela ditadura, época em que perdeu completamente sua liberdade. O músico começou a dedilhar notas que rapidamente se transformaram no hino oficial da liberdade, Imagine, de John Lennon.

Ouça Gilberto Gil tocando Imagine, no Cibercultura 10+10:

 

Puxando para o rock inglês, Gil lembrou que foi nos tempos de exílio em Londres que começou a entrar em contato com o rock eletrônico e se aprofundar na tecnologia como forma de produção musical.

Após o momento musical, Gil voltou a palavra para a mesa de palestras. Pierre Lévy, protagonista e grande inspiração para o evento, parecia um pouco deslocado, já que não entende perfeitamente o português e, como o segundo dia tinha um cunho mais pessoal e interativo, os intérpretes foram dispensados. Mesmo assim, o filósofo fez uma pequena análise sobre o relacionamento via Twitter e a facilidade de, além de produzir informação, também rastreá-la. Lévy fez uma pequena crítica aos usuários que seguem milhares de pessoas no microblog, já que, para ele, o perfil e o conteúdo de interesse de cada um é determinado por quem essa pessoa segue. “Agora somos todos avaliadores culturais, é preciso saber o que apoiar”, completou Lévy.

Quando o debate começou a esquentar, o blogueiro e “jedai virtual”, segundo o restante da mesa, Sérgio Amadeu, anunciou, para a alegria de todos os presentes, que o Rio de Janeiro desbancara Tóquio e Chicago na luta pelas Olimpíadas de 2016 e que agora brigaria diretamente contra Madri.

Pausa feita, em seguida entraram na mesa de debates três jovens que faziam parte da competente equipe responsável pela transmissão do evento, feita ao vivo via Internet. No grupo, dois eram músicos, e os três queriam saber o que poderia ser feito para que o processo criativo da música fosse valorizado. O que pode ser feito a respeito da confusa e incompleta lei dos direitos autorais na rede. Um assunto cíclico, que atualmente se encontra estagnado.

Após mais uma “palinha” de Gilberto Gil, a organização do evento mostrou o vídeo finalizado totalmente por meio de softwares livres. No trabalho, a organização pediu para que os espectadores fornecessem, via bluetooth, fotos e vídeos do evento. A etapa seguinte foi juntar o material com uma batida musical e frases dos palestrantes durante o evento. Uma prova prática de que o software livre é possível e a cibercultura é real.


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