Meus caros, desculpem-me, mas o futebol ainda é o pano de fundo para mais um post. Dessa vez porque me chamou a atenção uma maravilhosa declaração do Arcebispo sul-africano Desmond Tutu, ganhador do Prêmio Nobel da paz em 1984.Tutu elogiou a forma como o futebol aproxima e iguala brancos e negros, em um encontro onde, durante 90 minutos, 22 homens são iguais. São negros, brancos, e asiáticos, pobres e milionários, cristãos e muçulmanos – não sei se tem algum judeu, deve haver, mas, como não é de religião que se trata, dela não se fala. Não se fala e não se deve falar, ali se pratica um esporte, vale quem joga melhor, forma melhor equipe, sabe somar e não dividir, para usar um jargão bem familiar a muitos jogadores. Isso é lindo, Tutu tem toda razão. Todos nós vimos nossos meninos ficarem face a face com os jogadores da Costa do Marfim, todos negros, treinados por um sueco, e, durante a partida, violência à parte, não importava a cor da pele, nem o fato de que toda a economia daquele mínimo país africano cabe em talvez um único quarteirão da Avenida Paulista. O futebol mostrou como iguala as raças. A magia não resolve o problema racial, é só magia, não milagre, mas abre um canal, é uma forma de expor, e, sim, dar a tratos à bola, em todos os sentidos da expressão, vocês entenderam.
Vocês se lembram de outra maravilhosa declaração do mesmo arcebispo afirmando que nada na Bíblia condena a homossexualidade, e que ele mesmo jamais adoraria um Deus homofóbico? Leiam novamente meu post antigo. Pois me voltaram aquelas frases desse religioso, que mede pouco mais de 1.60m, mas que é um gigante em se tratando de humanidade. Ninguém venha me dizer que, entre as centenas de jogadores que jogarão a Copa, não há um único homossexual. Há sim, vários, entre jogadores e equipe técnica, podem estar certos disso, só que, também por se tratar de jogar bola, e não de se discutir sexualidade, nenhum deles se expõe. Lembrem-se sempre do que já nos contou Raí, grande jogador, sobre o que rola nos vestiários, atentem para o que passa Richarlyson, que nunca se declarou oficialmente gay, todos dizem que ele o é, mas pode ser estraçalhado pela própria torcida são-paulina se trouxer a questão à tona. Novamente indago a todos, e indagaria ao Arcebispo, como usar a mágica do futebol para combater a homofobia e o preconceito. Possível é, os franceses estão tentando, mas ainda será preciso somar mágica com milagre, e esperar muito tempo. Abraços do Cavalcanti.
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