Na porta do Teatro Rosário Fusco, abrigado no Instituto Francisca de Souza Peixoto (IFSP), 120 crianças e alguns professores demonstram uma ansiedade contagiante pelo início da Oficina de Palavras Desenhadas. Neli Aquino, autora do livro A viagem de Worbley e Andrea Toledo, responsável pelo projeto Biblioteca Digital do IFSP, realizam os últimos preparativos para que a sala seja ocupada. Mas o que exatamente é esta oficina? Vamos começar do começo. [nggallery id=14576] Andrea Toledo é conhecida por sua dedicação em tornar o acesso à literatura e ao estímulo não só da leitura como também da escrita algo fácil e prazeroso. E teve uma ideia simples e pratica para isso.LEIA TAMBÉM:
Literatura em Minas
Dois rapazes e um pensadorApós uma pesquisa, chegou ao livro de Neli Aquino. Convidou a autora, que aceitou prontamente, a desafiar um grupo de alunos do ensino básico a contarem uma história. Convite aceito, Andrea selecionou algumas escolas, comprou 15 livros de Neli com verba do IFSP e os repassou aos professores cerca de 30 dias antes da oficina no I Festival Literário de Cataguases.Sob sua orientação, foi realizada uma preparação dos alunos. Os professores leram a obra em sala de aula algumas vezes, estimularam que os alunos escrevessem suas próprias histórias sobre o mesmo tema (uma viagem inusitada e engraçada) e criassem desenhos que retratassem isso. Depois, todos trocaram suas histórias e descobriram o que cada um pensou. O exercício da criatividade havia começado. E as crianças nem perceberam.O encontro finalmente acontece. Neli Aquino começa propondo aos alunos que contem uma história sobre uma viagem louca. Todas as ideias iniciais convergem para um tema único, o que demonstra como as crianças percebem seu meio. A viagem começa em uma carroça, transporte ainda comum no interior de Minas Gerais. Emerson Moraes, ilustrador, põe no papel as imagens que os pequenos projetam, sob a opinião exigente dos próprios. Depois de idas e vindas, todos chegam ao seu destino, alguns de carro, uns de avião e ainda alguns de foguete.O resultado desta iniciativa fica claro pelos comentários dos participantes. “A proximidade com as crianças simplesmente me inspirou a escrever outro livro, de novo sobre uma viagem, mas agora a deles”, diz Neli Aquino, encantada com a experiência. “Como ilustrador, pude redescobrir o prazer do lúdico que os adultos vão deixando para trás e que torna o mundo infantil tão colorido”, lembra Emerson Moraes.”Em minha escola as crianças são carentes não só econômica, mas, principalmente, emocionalmente. Foi maravilhoso mostrar que uma escritora tinha interesse pessoal neles. Essas crianças hoje descobriram que é possível um livro torná-los mais felizes”, diz Gisele Garcia Teixeira Moraes Ferreira, professora da E.M. Pref. José Esteves.E os pequenos escritores, o que dizem da aventura no meio da literatura? “Eu quero ler mais livros. Quero estudar mais e poder ajudar outros colegas meus que acham que estudar é chato. Estudar é bom, ler é muito bom também. Quando é que vai ter outro encontro?”, pergunta, curiosa, Lidia de Barros Carvalho, 10 anos, estudante da 4ª série do ensino fundamental.No fim do evento, as lágrimas da mestra Gisele expressam a mesma alegria do sorriso da aprendiz Lidia. Nos olhos da idealizadora Andrea podemos ver que tudo foi só o começo.Sites interessantes:www.escrevendocomescritor.blogspot.comwww.chica.org.br
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