Poderia até ser clichê afirmar que a vida imita a arte, mas foi exatamente o caso que o artista e dissidente chinês Ai Weiwei passou no último domingo, (16). Um dos visitantes do Pérez Art Museum, em Miami, resolveu reproduzir uma de suas sequências fotográficas, onde Weiwei quebra um valioso vaso chinês. Resultado? A obra “Coloured Vases” que reunia 16 vasos coloridos pelo artista ficou reduzido a um número ímpar.
Ao quebrar o vaso de jarro da dinastia Han, avaliado em US$ 1 milhão de dólares, o também artista Maximo Caminero, 51, disse que sua ação foi um ato consciente de protesto. Segundo o artista, nascido na Republica Dominicana, o museu, aberto em dezembro, só exibe arte internacional e sua intenção era falar em nome dos “artistas locais em Miami que nunca foram expostos nos museus da cidade”.
“Eu vi como uma provação de Weiwei para se juntar a ele num ato de protesto”, disse Caminero. Ele chegou a ser detido e indiciado por prejuízo criminoso. Mas segundo informações do Miami News Times, Caminero foi colocado em liberdade na segunda-feira, mas pode ser condenado a até cinco anos de prisão.
O vaso que Caminero destruiu tinha cerca de 2.000 anos e fazia parte da exposição temporária intitulada “According to what?” (De acordo com o quê?).
O trabalho de Weiwei, que já esteve exposto no ano passado no Museu da Imagem e do Som, em São Paulo, é caracterizado por críticas fortes às políticas do governo chinês para a democracia, liberdade de expressão e direitos humanos.
Procurado pela agência de notícias francesa AFP, Weiwei disse que quando foi informado sobre o dano sofrido, não deu muita importância, já que sua obra frequentemente é destruída ou quebrada durante as exposições.
“Pensei (…) o museu vai cuidar dela, ou a companhia de seguros. Mas depois vi nas notícias que um artista garante que a destruiu intencionalmente, dando razões que não me parecem adequadas”, afirmou à agência.
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