Vendedores de árvores

“O que você deseja? Temos um ótimo creme hidratante. Essa máscara facial também irá fazer você ficar dez anos mais nova! E uma árvore, que tal?” Não entendeu? Essa era mais ou menos a abordagem dos revendedores autônomos, ou ativistas da sustentabilidade, da multinacional de cosméticos Avon.
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Tudo começou com o projeto elaborado pela ONG TNC (The Nature Conservancy), que atua em mais de 30 países e hoje é responsável pela proteção de aproximadamente 120 milhões de acres em todo o planeta (cerca de 486 mil km²).

Para tentar frear o acelerado desmatamento de nossa Mata Atlântica, a ONG lançou a campanha internacional Help Us Plant a Billion Trees (Nos Ajude a Plantar um Bilhão de Árvores), com foco no ecossistema predominante das regiões Sul e Sudeste do Brasil.

Sempre muito ligada a questões ambientais, a Avon resolveu abraçar a causa. Em março deste ano, a empresa promoveu, entre seus revendedores no mundo inteiro (mais de 6 milhões), a campanha Viva o Amanhã Mais Verde (Hello Green Tomorrow), para que cada um deles, assim como seus clientes, fizessem parte dessa luta do bem.

A iniciativa é simples: além dos produtos convencionais, o vendedor podia, com sua capacidade de persuasão e o bom senso ecológico de seu cliente, vender um certificado pelo preço de US$ 1 (no Brasil, o preço ficou estabelecido em R$ 2). Todo o dinheiro arrecadado seria revertido para a questão da Mata Atlântica. Ao final de seis meses, o resultado foi um sucesso. Em mais de 60 países que aderiram à campanha, foi arrecadado US$ 1 milhão e, com mais um montante disponibilizado pela Avon, o total ficou em US$ 2 milhões. Assim, 2 milhões de árvores serão plantadas na Mata Atlântica brasileira, de novembro de 2010 até maio de 2011 .

Um dos lugares beneficiados pelo projeto é a pequena cidade de Piracaia, que fica a 100 km de São Paulo e conta com 25 mil habitantes. Para mostrar ainda mais como cada um fez a diferença, os 35 revendedores com mais árvores vendidas no Brasil foram convidados a conhecer o local, na manhã de quinta-feira (30), pois a área de replantio no município assemelha-se muito a do Projeto Cantareira. Os revendedores também foram apresentados à Cooperativa Projeto Cachoeira, responsável pelo plantio na região. Segundo Aurélio Padovezi, Coordenador de Restauração Ecológica da TNC no Brasil, aproximadamente 60% da equipe é formada por moradores da comunidade. “Antes, essas pessoas ganhavam aproximadamente R$ 450. Hoje, elas chegam a tirar em torno de R$ 1.000,” comemorou o resultado.

André Amaral, presidente da cooperativa, se disse muito feliz em ter a possibilidade de ajudar o planeta de maneira tão significativa, além de ter uma perspectiva melhor para seu futuro. “Estamos aqui para melhorar o clima, melhorar a qualidade da água, melhorar o planeta”.

Pelo lado da Avon, quem também veio de longe foi Tod Arbogast, vice-presidente de Sustentabilidade e Responsabilidade Corporativa da empresa. “As florestas tropicais ao redor do mundo representam apenas 7% em área, mas são responsáveis por 40% da produção do oxigênio”, analisou Arbogast, justificando a participação da Avon no projeto.

Em Piracaia, o representante da Avon foi convocado a declamar algumas palavras, mas, de primeira, passou a bola para os homenageados do dia. “Os heróis não somos nós, que ficamos lá em Nova York. Os heróis são os trabalhadores da cooperativa e esses 35 revendedores”, afirmou.

Entre essas 35 pessoas que vieram de todos os cantos do Brasil, era nítido o orgulho estampado em seus rostos, com a certeza de ter feito a diferença. “Sou professora em uma escola de idiomas e, quando descobri sobre esse projeto da Avon, logo apresentei para meus alunos, que também o abraçaram. Eles deixaram de gastar R$ 2 em balas para comprar árvores”, conta Elaine Nunes Gonçalves, que mora em Belford Roxo, no Rio de Janeiro.

A paulistana Amélia da Silva Neto revelou que consciência ecológica não é algo novo para ela. “Sempre reciclei, desde sempre. Como sou revendedora da Avon desde 2001, quando descobri sobre o projeto foi fácil vender para meus clientes. Vendi mais de 200 árvores!”, comemora.

Um dos revendedores mais antigos, na Avon desde 1993, Leonardo Barbosa, de Limoeiro, no Pernambuco, revelou que adora árvores e inclusive plantou por conta própria 13 delas em seu jardim, entre alguns pés de acerola e de abacate. “Quanto mais árvore, mais chuva, daí melhora o ambiente. Menos árvore, menos chuva, por conta do aquecimento. No próximo ano, quero vender o dobro”, prevê ele, que conseguiu vender pouco mais de 100 árvores.

Vinda do Pará, em meio a Floresta Nacional dos Carajás, na área amazônica, Clarice Moraes Araújo sabe o que é viver em torno de uma grande biodiversidade em fauna e flora. “Se todas as cidades pudessem ter uma floresta como a de Carajás seria maravilhoso.” Pelo menos, ela já fez sua parte para que isso possa se tornar realidade.

Outra lição de vida foi dada por Silvana Rabelo, que veio de Contagem, em Minas Gerais. Diagnosticada com um câncer cerebral, ela não sabia o que seria de seu futuro. Ao mesmo tempo, descobriu sobre a iniciativa da Avon. “Comecei a imaginar que se eu não estivesse mais aqui, queria pelo menos deixar um mundo melhor para as próximas gerações”, revelou a batalhadora, que passou por uma operação bem sucedida recentemente e hoje está bem.

Mas o grande “vendedor de oxigênio” foi João Valério da Silva que, no interior da Paraíba conseguiu vender, ao todo, incríveis 1.585 árvores.

Ao final do evento festivo, foi perguntado para a cooperativa se eles queriam dar algum recado para os revendedores. A resposta não poderia ser outra: “Continuem vendendo árvores dessa maneira!”. Que assim seja. O planeta Terra agradece!

Na rota do reciclável


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