Dezenove de março de 2007. Final de verão, as chuvas chegaram antes do Dia de São José, prometendo a todos, segundo a tradição meteorológico-religiosa destes sertões nordestinos, que este ano não vai ter seca. De um dia para o outro, a terra cinzenta ficou verde e a caatinga coloriu-se de flores de macambira, mandacaru e jurema-de-imbira, os açudes ficaram cheios até a tampa, os primeiros fios d’água voltaram a correr pelos rios que serviam de caminho para gente e gado.
O chapelão de cowboy texano daqui ainda é aquele chapeuzinho apertado de couro dos vaqueiros celebrizado nos filmes dos tempos do cangaço, que foi varrido destas terras há 80 anos. Em lugar dos carrões americanos beberrões de gasolina cortando o deserto, multiplicam-se por toda a parte as motocicletas de todas as cilindradas, que tomaram o lugar dos jegues até para tocar o gado nos pastos.
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As primeiras imagens dos cavalos mecânicos bombando ininterruptamente petróleo para os dutos que correm ao longo da estrada indicam que estamos chegando a Mossoró, nosso Texas do sertão, capital brasileira da exploração terrestre da Petrobras.
A 277 quilômetros de Natal e 260 de Fortaleza, abre-se um cenário ainda desconhecido para grande parte dos brasileiros que se habituaram a ligar a exploração de petróleo no País unicamente às monumentais plataformas marítimas da Petrobras.
Pois é aqui, no semi-árido potiguar, que encontramos estes personagens incríveis conhecidos por “sheiks do sertão” – os sertanejos humildes que passaram a receber royalties de 1% sobre o petróleo encontrado em suas terras e hoje mandam seus filhos para as melhores universidades.
Só no ano passado, a Petrobras repassou para 1.096 proprietários de terra no Rio Grande do Norte, com poços em produção, mais de R$ 30 milhões. Isso dá um ganho médio de quase R$ 30 mil por ano para cada família – uma pequena fortuna para quem pelejava na lavoura de subsistência em terras antes sem água e sem luz. Mas há casos de proprietários, como o lendário doutor Mário Silveira, que hoje mora em João Pessoa (PB), com 150 poços abertos em sua terra, que lhe garantem royalties num valor em torno de R$ 100 mil por mês.
Com a renda do petróleo, foi mudando e melhorando a vida dos moradores de 15 municípios em torno de Mossoró, cidade de 215 mil habitantes, que ganhou recentemente o belíssimo Teatro Municipal Dix-Huit Rosado Maia, tem quatro jornais diários e este ano vai inaugurar seu primeiro shopping center. É uma história bonita de um Brasil off-midia, que começou a ser escrita há exatos 30 anos, em outro Dia de São José.
Em lugar de água sai óleo
Dezenove de março de 1977. Por ordem do governador Tarcísio Maia, que pleiteava financiamento da Embratur para construir um balneário de águas quentes na cidade, o geólogo Francisco de Assis Câmara Ferreira de Melo, diretor da Companhia de Desenvolvimento de Recursos Minerais do Rio Grande do Norte, deu início à perfuração do poço MO-09, obra concluída no dia 30 de abril ao atingir a profundidade de 895 metros.
O poço foi tamponado, aguardando o dia em que ficariam prontas as obras do Hotel Thermas. Dois anos depois, quando o governador já tinha mudado, era Lavoisier Maia, e as torneiras finalmente foram abertas para encher as dez piscinas do hotel, a surpresa: junto com a água quente jorrou do poço uma grande quantidade de óleo, formando uma “nata negra” sobre as piscinas.
O que seria um problema para o balneário acabou se tornando ponto de partida para a exploração terrestre de petróleo na região, responsável hoje por um terço da produção nacional da Petrobras em terra – e o poço virou uma atração turística, cuidadosamente cultivada pelo Hotel Thermas, na região central da cidade, ao lado de suas piscinas de águas sempre quentes e limpas.
Nas páginas seguintes, o que mudou na paisagem física e humana do nosso Texas sertanejo, três décadas depois da descoberta de petróleo onde se procurava apenas água.
Nos limites do pequeno Sítio Livramento, em Caraúbas, município de 18 mil habitantes, a 72 quilômetros de Mossoró, rodeado pelos serrotes do Cumbe, da Mulatinha e das Araras, no meio da caatinga coberta de jurema-preta, mofumbo, faveleiro, marmeleiro, xique-xique e facheiro, encontramos um brasileiro feliz. Sim, ele existe.
Estava sentado na varanda de sua casa, descansando depois do almoço. O nome dele é Antonio Faustino da Silva, filho de Bento e neto de Vicente. Sem nenhuma pressa, vai nos contar como foi que se deram os acontecidos. Fala mansamente, com aquele semblante sereno de quem está com o burro na sombra, como se costuma dizer por estas terras do semi-árido potiguar. Nada lhe falta, gaba-se.
Faustino nasceu ali mesmo, no sítio que era do avô, faz 50 anos. Já estava conformado em seguir a mesma trilha de seus antepassados e vizinhos que sobreviviam da lavoura, sempre olhando para o céu e rezando para chover, quando aconteceu de tirar a sorte grande sem sequer ter jogado. “A vida era meio aperreada. No tempo da seca acabava tudo”, recorda, sem nenhuma nostalgia, admirando a imponente antena parabólica que instalou ao lado da casa.
De um dia para o outro, em 1995, sem gastar nada, correr nenhum risco ou fazer qualquer sacrifício, o achado do petróleo em sua terra de 41 hectares tornou Faustino mais um “sheik do sertão”, modo de tratar por aqui os antigos lavradores que agora vivem dos royalties pagos pela Petrobras.
Logo no primeiro poço perfurado, jorrou óleo, muito óleo. E não parou mais. Desde então, no primeiro dia útil de cada mês, religiosamente, chova ou faça sol, o pagamento de Faustino pinga em sua conta no banco. No começo, chegou a ganhar até R$ 15 mil por mês, uma renda considerada de gente muito rica no sertão. Embora a produção tenha caído nos últimos anos, o único poço aberto em sua propriedade ainda lhe rende entre R$ 3,5 e R$ 4 mil mensais, coisa de classe média alta.
A casa de alvenaria, recém-reformada, é simples, pintada de branco como as outras da vizinhança e não chama a atenção de quem passa na estrada de terra que leva ao sítio. Mas tem de tudo. Na garagem, Faustino guarda um Fiat Uno 1998 e a moto Honda modelo 2001, que comprou “para os meninos”.
São sete filhos, todos eles na escola. Maria Suliete, a primogênita de 21 anos, já é casada e mora em Caraúbas, onde estuda Geografia na Universidade do Estado do Rio Grande do Norte. É a primeira pessoa da família a cursar uma faculdade.
Planos para o futuro? Faustino pensa um pouco e parece que tem até vergonha de revelar seus pensamentos aos estranhos. “Acho que é juntar dinheiro para comprar mais casas na rua para alugar…” (Rua é como os sertanejos se referem ao centro urbano do município.) Por enquanto, já juntou duas a seu patrimônio.
Se quisesse, ele poderia ficar o resto da vida o dia todo parado ao lado da “árvore de natal”, só ouvindo o barulhinho do óleo passando pelo equipamento TAG 2003, um conjunto de válvulas que permite a saída da produção do poço de forma segura e controlada para os dutos da Petrobras.
Mas Faustino dedica seu tempo a cuidar da criação de guinés (galinhas-d´angola), perus, vacas e dos cordeiros pelados, da raça Santa Inês, com a ajuda do Saulinho, o caçula de sete anos que já herdou seu chapéu de vaqueiro e a manha de conversar com os animais.
No inverno sertanejo, que vai de março a junho, Faustino também planta um pouco de arroz, feijão e milho, mas só para uso próprio, do mesmo jeito como fazem desde sempre seus vizinhos sem petróleo.
Sem nenhuma afetação ou adereço de novo-rico, o modesto sheik do petróleo hoje vive tranqüilo, mas nem sempre foi assim às margens da RN-117, que liga Mossoró a Souzas, na Paraíba. Os beneficiários da exploração de petróleo andavam amedrontados até três anos atrás, quando a polícia matou, com 13 tiros, o mecânico José Valdetário Benevides Carneiro, lendário líder de uma quadrilha de assaltantes que já era chamada de “novo bando de Lampião”.
Com medo dos sem-terra
Conhecido por “O Guerreiro”, Val Carneiro chegou a comandar um assalto a três agências bancárias no mesmo dia na cidade de Macau, a 140 quilômetros de Mossoró, no qual um delegado morreu e dois policiais ficaram feridos. Em 2001, foi ele o mentor e executor da chacina que matou o prefeito de Caraúbas, Aguinaldo Pereira da Silva, sua mulher, Nieta, o caseiro e dois policiais que faziam a segurança do casal. Antes disso, o bando já havia assassinado, com 49 tiros, um irmão do prefeito, o médico João Pereira da Silva. O clima de terror espalhado pelas quadrilhas de “O Guerreiro” e de outros bandoleiros menos famosos fez com que muitos pequenos proprietários, que viram a vida melhorar de um dia para o outro após a descoberta de petróleo, ficassem com receio de continuar morando na roça.
Foi o que aconteceu, por exemplo, com alguns dos nove filhos do vaqueiro Francisco Evangelista da Costa, de 72 anos, o “Titico Broaca”. Um depois do outro, eles foram deixando o Sítio Molungu, no município de Felipe Guerra, e se mudaram para a área urbana de Governador Dix-Sept Rosado, a 20 quilômetros de distância.
Enquanto em Caraúbas a população diminuiu 7,1% entre 1990 e 2000, por causa do êxodo rural, a cidade de Governador Dix-Sept Rosado registrou um crescimento de 12,6%. Com medo da violência e dos sem-terra que ocupavam fazendas na região, na mesma época em que começaram a encontrar petróleo em volta de sua fazenda, “Titico” resolveu fazer uma reforma agrária familiar: dividiu a maior parte dos 700 hectares de sua propriedade entre os filhos.
Um deles, Antonio Carlos da Costa, 42 anos, que hoje é dono de dois caminhões basculantes e aluga caçambas, já foi até candidato a prefeito nas últimas eleições. É ele quem lembra o dia exato em que a vida da família deu uma cambalhota: 20 de janeiro de 1986. Era dia da festa do padroeiro da cidade, São Sebastião.
Quando eles voltaram ao sítio, no final daquela tarde, já encontraram os técnicos da Petrobras, que pediram autorização para fazer a limpeza em torno do local escolhido para a abertura do primeiro poço. “Quando alguém pergunta o que mudou, o cabra não tem nem palavras para dizer. Mudou tudo. Até das estradas dentro do sítio quem cuida é a Petrobras.”
Batizado de Campo de Petróleo Boa Esperança (BE-1), o poço fica na parte da fazenda que coube ao filho mais velho, Manoel Evangelista Sobrinho, de 46 anos, e está em produção até hoje. Ao todo, 11 poços já foram abertos nas terras da família, o que proporciona uma renda mensal entre R$ 8 e R$ 10 mil. Carros, máquinas agrícolas e motos ficam estacionados em torno da casa do patriarca, que já não monta mais a cavalo para tocar o gado.
“Titico Broaca”, que herdou o apelido do tataravô, mas nem desconfia a razão, há tempos deixou de cuidar do gado dos outros e foi montando seu próprio rebanho. Chegou a ser dono de mais de cem cabeças, mas está desistindo da pecuária. “Os meninos foram se casando e mudando para a cidade, não querem mais saber de criar gado. E eu estou velho, tenho pressão alta…”
Apesar dos queixumes, ele não admite nem pensar em um dia ir embora daqui. Ao contrário, está partindo para uma nova empreitada. Há dois anos, “Titico Broaca” foi um dos primeiros a investir na plantação de mamona, aproveitando os incentivos da Petrobras, que fornece as sementes e compra toda a colheita que é destinada à produção de biodiesel. Para este ano, já está pensando em dobrar a atual área plantada, que é de 15 hectares.
Trajetória típica de nordestinos
Biodiesel é a palavra da moda nestas terras que já foram do cangaço, viram tudo melhorar com a descoberta do petróleo há um quarto de século e agora jogam seu futuro na mamona.
Ex-padeiro, ex-metalúrgico, ex-pizzaiolo e sanfoneiro de sucesso com vários discos gravados, Francisco de Assis Gama, nome artístico “Diassis”, 37 anos, presidente da Associação do Assentamento Palheiros III, em Upanema, cidade de 12 mil habitantes a 52 quilômetros de Mossoró, foi dos primeiros a descobrir a nova onda no sertão.
Bem, na verdade não foi ele, mas sua mulher, Filomena Rosemberg Gama, de 36 anos, mãe de seus três filhos, uma sertaneja de opinião, baixinha daquelas bem determinadas. Foi Filó quem convenceu boa parte das 142 famílias do assentamento a plantar mamona na área de 5.400 hectares loteada pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) há 19 anos.
Muito tempo atrás, recém-casada, ela saiu de Alexandria (RN), onde os dois nasceram, e foi por conta própria atrás de “Diassis”, que tinha ido para São Paulo sozinho. Filó foi sem avisar.
– Estou aqui, vem me buscar.
– Aqui onde?
– Aqui, na Rodoviária de São Paulo…
Nunca mais se separaram. Mas até chegarem a essa vida de brasileiros felizes que levam hoje, no entanto, foi uma longa história que vale a pena contar desde o início – a trajetória típica de um casal de nordestinos que foi e voltou várias vezes em busca apenas da sobrevivência.
“Diassis” começou a trabalhar com 12 anos na plantação de fumo da Fazenda Riacho do Meio, que era de seu bisavô, Juvêncio Gama. “Lá era bom até enquanto ele era vivo”, relembra. Estudou só até o quinto ano da escola rural e viveu na roça até os 18 anos, “quando veio aquela invocação de ir embora para São Paulo”, onde tinha parentes.
Foi morar numa pensão em São Bernardo do Campo e arrumou logo um emprego de ajudante de padaria na “Fina Flor”. Sua jornada de trabalho ia das quatro da manhã às dez da noite. “Só trabalhava e dormia um pouco para entrar no trabalho de novo.” Um ano depois, já estava de volta a Alexandria. Casou-se com Filomena e tornou a voltar para São Bernardo do Campo. Foi sozinho, “até juntar algum dinheiro para chamar a Filó”, que não agüentou esperar e um dia apareceu na rodoviária…
Dupla de três músicas só
A essa altura, “Diassis” já trabalhava como ajudante de linha de montagem na boca do forno da Metalfrio, onde ganhava R$ 1,28 por hora, e continuava morando na pensão da dona Geni. Quando a mulher chegou, foram morar na casa de uma prima de Francisco.
Francisco só se anima mesmo ao falar dessa época de dificuldades quando lembra como entrou na vida artística.”Um dia vi um homem tocando na Praça da Sé e invoquei de comprar um acordeão para mim. Aprendi a tocar em casa, sozinho, só ouvindo as músicas dos outros, e comecei a pegar gosto pela coisa.”
Já estavam na moda as duplas sertanejas e não foi difícil encontrar um parceiro na figura de um vigia de hotel de nome Kelber, que era tecladista e hoje toca numa banda na Bahia. Ensaiaram três músicas e foram à luta apenas divulgando “um telefone de contato”. Tocavam as mesmas três músicas a noite toda nos barzinhos do ABC paulista que os contratavam. Ganhavam uns trocados poucos, mas já dava para viver da cantoria. E assim acabou sua carreira de metalúrgico.
Em 1990, já com dois filhos, Carlos Diego e Denis, hoje com 16 e 14 anos, voltou para Alexandria e lá montou a banda Kanto Novo, que em pouco tempo começou a fazer sucesso e vender discos. Eram ao todo 28 pessoas na trupe, entre músicos, bailarinos, ajudantes e até um cozinheiro. Logo estavam fazendo excursões num ônibus próprio Brasil abaixo, até chegarem a Florianópolis.
Foram dez anos assim, vivendo só de música, carregando a família junto, até que mais uma vez o acaso cruzou seu caminho. Era para passar só um fim de semana com os pais, Maciel e Pauline, que viviam no Assentamento Palheiros III, em Upanema – tanto que levou junto a banda toda para logo seguirem viagem. A banda seguiu, mas ele ficou. “Gostei daqui e resolvi mudar de vida.”
AQUI TUDO SE APROVEITA
Da carnaubeira onipresente nas terras petrolíferas do sertão já se disse que é o “boi do pobre”, pois dela tudo se aproveita – os frutos para alimentar os animais, os troncos na estrutura das casas, palha para cobrir o telhado, cera para fins industriais.
Em 2003, às voltas com o problema do furto das folhas de alumínio que revestem o isolamento térmico das linhas de vapor, um funcionário da Petrobras, João Batista Dantas, 45 anos, voluntário do Programa Fome Zero, juntou a fome com a vontade de comer.
Ele descobriu que as tradicionais esteiras de palha de carnaúba confeccionadas pelas artesãs da região de Assu poderiam perfeitamente substituir o alumínio na proteção dos dutos. Em parceria com a artesã Gracia Margarida Ramalho, 36 anos, ele criou o Projeto Carnaúba Viva, que hoje dá trabalho para 350 pessoas em dez cidades da região.
A mais animada delas é Maria Francisca da Silva (foto abaixo), 79 anos, sete filhos, que faz a alegria do grupo de artesãs reunidas no templo da Assembléia de Deus M. Madureira, bem na entrada do Assentamento do Incra Palheiros III. “Eu não tô doente, tô com serviço, tenho mais é que rir mesmo…”
Cada esteira é vendida à Petrobras por R$ 6,50. Antes do projeto, as esteiras eram vendidas a R$ 1,00.
O resultado do trabalho delas, no entanto, pode ser visto por onde se anda no sertão: as esteiras de palha de carnaúba já substituíram as folhas de alumínio em 34 quilômetros de dutos, gerando uma economia de 20% para a Petrobras em cada metro revestido. Aqui nada se perde. Aonde não dá petróleo nos poços perfurados, jorra água, que serve para fazer a irrigação das plantações de mamona.
No começo, Filó achou aquilo meio estranho, pensou que não ia dar certo. Mas hoje ela é a mais animada com a vida na roça. “Nunca me arrependi. Somos felizes, graças a Deus. Nos oito anos que vivemos em São Paulo (na verdade, São Bernardo do Campo), a gente não vivia, vegetava. Eu passava 24 horas por dia dentro do apartamento com os meninos. Só saía para pegar leite e pãozinho na padaria. Fui assaltada duas vezes quando morava em Ferrazópolis. Não quero nem lembrar desse tempo.”
Com a primeira safra de algodão que colheram no assentamento, compraram a casa onde moram até hoje. “Agora sou agricultor e vendo animais”, orgulha-se o sanfoneiro “Diassis”, que ainda toca na banda Timbalança nos finais de semana, “só mais para se divertir”.
Junto com a mulher, ele cuida de 70 cabeças de gado, 250 cabras e 200 ovelhas, enquanto os filhos vão para a escola. Carlos Diego quer estudar Veterinária ou Agronomia e Denis já se decidiu por Direito. No Natal do ano passado, eles ganharam uma irmã adotiva, Lidiane, de 7 anos.
“História bonita mesmo é a da mamona, que ajudou muitas famílias. A Petrobras dá a semente, a gente planta e depois eles compram toda a produção”, conta Filó, que vai mostrando o que mudou na casa depois da primeira colheita, em 2004. Jogo de sofá na sala, aparelho de DVD, televisão em cores, telefone, geladeira, freezer, paneleiro de 30 peças, fogão de seis bocas, tudo brilhando, tudo novo.
A renda das famílias no assentamento, onde foi lançado o Programa Petrobras Fome Zero, em setembro de 2003, varia entre R$ 400 e R$ 1.200. Aqui a Petrobras não achou petróleo em terra, mas o poço 1-CRN-001-RN continua aberto, jorrando 45 mil litros d´água por hora, mais do que suficiente para irrigar a horta orgânica, lavouras e pomares, dar de beber ao gado e manter a boa produtividade das plantações de mamona.
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