Entre as nove vítimas (dez, incluindo o PM), apenas quatro já foram identificadas. Entre elas, há um cadeirante que estava visitando a namorada em Guamá, um jovem de 16 anos que voltava da escola e um homem com problemas mentais que saiu correndo durante o ataque. Ele tomou cinco tiros. “Nenhum dos mortos tinha ligação com o assassinato do policial. Pode ser que até tinham ligação com outros crimes, mas não com esse. Deram cinco tiros em um doente mental que ficou assustado com o barulho e correu. Covardia! Quem matou o cabo ainda não foi encontrado, mas disseram que vão abrir investigação”, disse o coordenador da Comissão de Justiça e Paz, Francisco Batista, à Brasileiros.
Os bairros de Guamá, Terra Firme e Jurunas – todos periféricos – foram os mais afetados pelo ataque. “As escolas estão fechadas, as pessoas não saíram de casa hoje, as ruas estão desertas, não têm ônibus, pois ameaçaram colocar fogo. Disseram que teria um toque de recolher ao meio-dia, mas não se efetivou”, disse ele. “Estamos em clima de pânico, de terror. Guamá sempre foi um bairro violento, por causa da sua situação econômica e social, mas jamais havia acontecido algo do tipo”, completou.
Os corpos das vítimas ainda estão no IML de Belém, enquanto o do cabo já foi liberado para o velório. Os militares não informaram o local do enterro de Antônio Figueiredo.
“Caça” aos culpados
Nas redes sociais, as mensagens supostamente enviadas por policiais avisam aos moradores dos bairros de Guamá e Terra Firme sobre o ataque. No mais expressivo deles, um soldado convoca outros colegas para vingar a morte do cabo. “O nosso irmãozinho Pet (apelido do cabo Antônio Figueiredo) acabou de ser assassinado no Guamá. Estou indo (para o bairro) e espero contar com o máximo de amigos. Vamos dar a resposta”, publicou o sargento Rossicley Silva, da ROTAM, em seu perfil no Facebook. Em outro áudio, espalhado pelo serviço de mensagens por celular, WhatsApp, um suposto policial alerta para que ninguém se dirija ao bairro, pois será feita uma “limpeza na área”. “Ninguém segura ninguém, nem coronel das galáxias”, finaliza o homem.
Procurada pela reportagem de Brasileiros, a ROTAM informou que a página “não é oficial”, que “não sabe dizer quem atualiza o perfil” e que “talvez ela esteja ligada – direta ou indiretamente – com algum policial”. O grupamento ainda informou que está investigando quem atualiza a página. No perfil – que tem cerca de 10 mil curtidas – há fotos de corpos de homens e mensagens críticas “aos grupos de direitos humanos” e “aos membros da imprensa”. Em uma das postagens, dois indivíduos aparecem em fotografias dentro de uma delegacia e, em seguida, mortos no chão, com a seguinte mensagem: “Atiraram em um policial, roubaram a arma e mesmo assim não ficaram presos. Na hora do depoimento ainda ficaram rindo na delegacia. Ao serem liberados O MOTOQUEIRO FANTASMA APARECEU, kkkkkkkkkkkk… vejam o resultado…[sic]”.
O site da PM do Pará ficou fora do ar durante toda a manhã desta terça-feira.
“O policial morto era conhecido pela atuação dele como miliciano, justiceiro nos bairros pobres de Belém. Depois da morte dele deu pra ouvir muitos fogos de artifício. Todo mundo ficou feliz com a notícia, pra você ter uma ideia de como ele agia na região”, conta Francisco.
A assessoria de comunicação da Polícia Militar informou que “está empenhada nas buscas pelos criminosos que ceifaram a vida do graduado PM, tendo inclusive o Comandante Geral da PMPA convocado todos os comandantes de unidades da capital a deslocarem-se para suas respectivas unidades e acionarem seus efetivos para a referida força-tarefa em caráter de urgência; bem como a Corregedoria da PM que já está com equipes distribuídas para acompanhar as ações policiais e para apurar quaisquer denúncias que forem veiculadas, inclusive monitorando as redes sociais”.
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