Meus caros, são 9h30 da manhã de quarta-feira, e dez mineiros já saíram da mina desabada no Chile. Acompanhei de longe a história durante esses 69 dias, pois só de pensar que aqueles homens estavam enterrados vivos, minha claustrofobia me torturava. O alívio veio a conta-gotas durante a noite, acompanhei até quase 3 horas da madrugada, e será assim o dia inteiro. O fantasma de novos desabamentos, ou de fracasso no socorro, ainda me agonia, mas vamos ter fé que tudo acabará bem. Confesso que, quando vejo o circo que foi montado na superfície, do qual o presidente chileno participa ativamente, lembro do filme A Montanha dos Sete Abutres, clássico do cinema que mostrava os podres da imprensa. Não cabe a comparação, sei disso, esse caso é real, e a realidade foi mostrada com todos os detalhes aflitivos ao vivo, a cobertura da mídia mundial foi um show. Essa epopeia corajosa uniu os chilenos, o país inteiro está acompanhando o resgate de forma emocionante. Esse é outro fenômeno, e maravilhoso, diga-se, pois o Chile é um país ainda dividido entre aqueles que apoiaram o golpe de Pinochet e os que tiveram a coragem de ser contra. Essa ainda é uma fratura séria na história daquele país, mas muita água passou por debaixo da ponte desde então.
Excelentes notícias também chegam dos Estados Unidos, onde, mês passado, o movimento gay e Obama tiveram uma séria derrota no Congresso ao tentar derrubar a política do don’t ask, don’t tell. Ontem, uma juíza federal ordenou que a aplicação da lei, que ela mesma julgou inconstitucional há algumas semanas, seja suspensa imediatamente. Cabe recurso, e lógico que os adversários recorrerão, exatamente como fizeram na Califórnia. Batalhas legais são assim, não é surpresa a sequência de sentenças e recursos. O que me deixa maravilhado é ver como a pressão para derrubar um dispositivo legal homofóbico está vindo pelo judiciário, não pelo legislativo, e assim será, não terão como interromper o movimento. Por que ficar falando de legislação norte-americana? Pois, evidentemente, as vitórias obtidas lá repercutem aqui, e rapidamente. O mesmo movimento de conquista de direitos dos homossexuais via tribunais está ocorrendo no Brasil, aqui também vitorioso, e sem retorno. Acho que teremos nossa igualdade de direitos julgada pelo Supremo Tribunal Federal em breve, e ganharemos, a despeito das confusões que tem marcado os julgamentos daquela casa. Sou otimista, sempre. Abraços do Cavalcanti.
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