O ano de 2008 chega ao fim. Na nova jornada de 365 dias que se inicia no dia 1º de janeiro, a esperança sempre vem renovada. O 2008 que se despede teve muita coisa para se acreditar no significado da palavra. Barack Obama foi uma delas, com a mudança. Claro, o ano também teve muita coisa ruim. A crise financeira mundial, por exemplo.

O site da Brasileiros faz uma pausa e volta no dia 5 de janeiro. Mas deixa aqui renovada a esperança de um ano feliz para o Brasil e os Brasileiros. Para o mundo também!

Para a saideira deste lado B, relembre algumas opiniões de nossa seção “Você acredita no Brasil?” do ano que passou.

Até o ano que vem.

E viva 2009!

Você acredita no Brasil?
Brasileiros faz essa pergunta a vários brasileiros. Confira as respostas:

Edição 6 – Janeiro

“Eu acredito. É um País com a democracia em construção. Com um presidente originário do operariado, com muitas pessoas saindo da linha da pobreza, um empresariado forte e bastante empreendedor e um sistema educacional em progressão. As transformações sofridas pelo Brasil nos últimos dez anos redimensionaram o País e o colocaram na rota do desenvolvimento. Portanto, basta olhar para essa nova realidade para perceber que não há alternativa a não ser acreditar no Brasil.” –
Heródoto Barbeiro, jornalista

Edição 7 – Fevereiro

“Definitivamente eu acredito no Brasil. Dito isso, é importante registrar que não há a menor dúvida que o País tem grandes desafios para serem resolvidos: graves problemas sociais, uma serie de deficiências na saúde… Apesar de todos esses problemas, o Brasil e os brasileiros têm muito dinamismo e uma enorme força para solucioná-los. E a prova maior de minha fé no País é o investimento que faço, através do meu trabalho, da minha empresa, morando e criando meus filhos aqui no Brasil. Eu não só acredito no Brasil, como sinto que temos grande contribuição para resolver os problemas do País.”
Alexandre Martins Fontes, editor

Edição 8 – Março
“Acredito no Brasil que acorda cedo, trabalha, ama e luta; acredito no Brasil da maioria.”
Marcelo Muraro, Campinas – SP

Edição 9 – Abril
“Mas quem é o Brasil? É o João da Silva Brasil, que sai da cama às 4 da manhã, prepara o café para ele mesmo e para a esposa, caminha até o ponto de ônibus, viaja três horas em pé, trabalha duro o dia todo e dá umas risadas com os amigos, agüenta firme a gozação quando seu time perde, discute ética sem nem saber que está discutindo, quer um país melhor para ele, para todos os amigos e conhecidos, para os camaradas ainda mais miseráveis que ele? Ou o Mané Brasil Pereira, que é funcionário fantasma do gabinete de um político em troca de 200 contos, joga entulho no córrego do bairro porque ‘feio mesmo é a corrupção desses safados’, ouve música bem alto a qualquer hora do dia ou da noite e maltrata o gato do vizinho? Também pode ser o Lucas Brasil, universitário de boa família que troca o descanso no fim de semana por um mutirão na periferia, que cria um blog divulgando os lugares onde é possível estacionar sua bicicleta, leva o material reciclável na cooperativa da esquina e adotou um vira-lata. Enfim, eu acredito no Brasil. No Brasil que fica incomodado com o sofrimento alheio, que se pergunta o que pode fazer a respeito disso, que sacrifica o próprio conforto para oferecer algo para os outros, que toma uma ou várias atitudes pensando no bem coletivo. E, apesar da má vontade, do egoísmo, da ganância ou da vaidade de uns e outros, tem muito Brasil assim, generoso e consciente, soprando um ânimo na cara da gente.”
Soninha, vereadora pelo PT na cidade de São Paulo e comentarista esportiva

Edição 11 – Junho
” Quando passamos alguns dias no exterior, a volta sempre nos coloca de frente com o ‘acreditar’ no Brasil. Ainda mais quando viajamos para o chamado Primeiro Mundo. É impossível não fazermos comparações, para o bem e para o mal. Como quando visitamos a casa de um vizinho mais rico e o ‘olho gordo’ cresce. Eu acredito no Brasil, mas com algumas coisas ainda não consegui me conformar. Por que temos tantos buracos nas ruas? Por que tantos atrasos em tudo? Por que não temos transporte público decente? Por que tanta diferença entre ricos e pobres? Por que tanta criança pedindo esmola nas ruas? Por que não podemos andar a pé, à noite, pelas cidades? Por que todos os nossos melhores jogadores estão fora? Mas é claro que acredito no Brasil. Pra cima com a viga, moçada, bola pra frente!”
Paulo Betti, ator

Edição 12 – Julho
“O Brasil é uma reserva. Não só uma reserva da natureza ou das riquezas da terra, mas uma reserva de amor e de alma. O Brasil tem uma herança impressionante, daquele índio que abriu os braços para receber quem chegava e morreu por isso, mas impregnou seu opressor. Do negro que entrou à força e, ainda assim, deixou um legado generoso, musical. O povo que resultou das nossas tragédias agora está se organizando, entende a importância disso, se reciviliza. Hoje, o Estado investe no social, como resultado de quase 25 anos de reorganização. Há muitos indícios a favor de acreditar que somos uma nação – e estamos virando uma nação melhor.”
Carlos Carvalho, psicólogo e instrutor de meditação e tai chi chuan

Edição 13 – Agosto

“É claro que eu acredito no Brasil. Não tem como não acreditar, se não eu já teria morrido. É um país moleque. Tem só 500 anos. É o país mais rico do mundo. o que tem mais água e natureza. Temos tudo aqui. O homem não conseguiu tornar o Rio de Janeiro feio, apesar de tudo. Não tem jeito de alguma coisa dar errada aqui. Temos uma enorme capacidade de transformação e de criação extremamente veloz.
Claro que eu acredito, não tem como não acreditar.”

Sócrates Brasileiro, ex-jogador do Corinthians e da Seleção Brasileira de Futebol, criador da Democracia Corintiana

Edição 14 – Setembro
“Sim, ainda acredito no Brasil. Talvez seja culpa do meu otimismo compulsivo, se pararmos pra pensar em como o modus operandi corporativista vem passando como um trator nas particularidades do nosso povo. Em claro exemplo do lado B da globalização, todo armazém e botequim passa a ser um hipermercado ou McDonald’s em potencial. Por outro lado, tive a chance de passar uma semana na parte baixa de Kingston, capital da Jamaica, e pude perceber o quanto a maioria pobre-muito-pobre da população tem consciência de classe e a resistência cultural é patente. As semelhanças entre a terra de Bob Marley e a do Mano Brown são muitas, apesar das direções opostas que se encontram no momento. Fica a esperança de que nós brasileiros consigamos superar os ecos da escravidão e da ditadura militar, rumo ao nível de organização que permita o alcance de algum equilíbrio social.”
Rodrigo Brandão, rapper do Mamelo Sound System

Edição 15 – Outubro
“Eu penso que o caminho da mudança é longo. Me surpreende o fato de ainda estarmos demorando tanto para agilizar algumas transformações, principalmente no que diz respeito à educação e cultura, nas quais, apesar dos rápidos meios de comunicação, somos ainda muito atrasados. E esse atraso já poderia estar sendo mais revertido porque hoje a gente tem os exemplos e as informações que chegam em nossa casa rapidamente. Então ficamos patinando em alguns assuntos, temos uma Igreja que nos atrapalha. Acredito no Brasil, mas acredito que a mudança seja lenta, no entanto, não sinto nenhuma possibilidade para que ela se acelere, pelo contrário, acho que ela serve de desculpa para aqueles que poderiam estar fazendo essa mudança andar, com desculpas de que somos um País ainda muito novo, que chegamos há pouco na democracia e etc. A tendência é de melhorar, mas o brasileiro faz isso de uma forma muito lenta, talvez seja do nosso temperamento.”
Irene Ravache, atriz

Edição 16 – Novembro
“Eu acredito, sim, no Brasil, mas acima de tudo na brasileira, no seu gingado, na malemolência, no rebolado, no jeito quentinho e molhado de me dar prazer. Mulher fruto da terra, irmã dos seios abençoados da pátria mãe gentil”
Rafael Cortez, repórter do programa CQC, da TV Bandeirantes

Edição 17 – Dezembro
“O Brasil caminha em direção à democracia. Precisamos ainda resolver problemas sérios, de origem, como da reforma agrária, da distribuição de renda e compensação social à população afro-descendente, por exemplo; precisamos desenvolver uma economia social, voltada para a garantia dos direitos culturais, civis e políticos; precisamos rever nossas instâncias de participação e atuação cívica e garantir o acesso à justiça a todos os cidadãos. A experiência de um governo liderado por um cidadão do povo, ainda que dentro de uma lógica de manutenção de parte desses sistemas de poder, é um passo importante para o avanço da sociedade como um todo. A oportunidade gerada com a crise financeira, de participação mais efetiva na arena global, é fundamental para avançarmos e crescermos como nação.”
Leonardo Brant, pesquisador de políticas culturais, presidente da Brant Associados e fundador do Instituto Pensarte


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