Folião paulistano que quer pular Carnaval na rua não precisa mais ir para Olinda, Salvador, Rio de Janeiro ou São Luís do Paraitinga. Ele pode ficar em sua cidade e certamente estará bem servido com várias opções de blocos, com temas diversos, todos os dias, em diferentes horários e regiões da cidade.
E como isso já não é exatamente uma novidade, a ideia desta reportagem foi fazer “um tipo” de cobertura jornalística de um sábado de Carnaval em São Paulo. Digo “um tipo” porque foi dada ao repórter grande liberdade quanto a métodos de apuração e até quanto ao estilo de escrita ao redigir o texto. Tudo totalmente de acordo com o clima de Carnaval.
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Pois bem. Sem gravador na mão ou bloquinho de anotações no bolso e com fantasia de presidiário – comprada na rua 25 de março especialmente para o dia de trabalho –, o repórter deixou sua casa por volta das 13h para pegar o primeiro dos dois blocos que acompanharia no dia. João Capota na Alves é o nome do bloco, que faz seu cortejo ali perto das ruas João Moura, Alves Guimarães e Capote Valente.
Viva a Gina, o João e a sacanagem
Festa durante o dia tem clima bom e astral leve. Famílias com crianças, gente de todas as idades; todos bem produzidos e fantasiados. Vários tentavam aprender as letras das marchinhas – que eram distribuídas em folhinhas – para poder cantar junto. Lembro que uma das canções dizia algo como: “O capota me leva, meu bem/ No quesito amor, sou rei/ O João escorrega, no baile/ E viva a Gina, o João e a sacanagem”.
Sim, Carnaval não é palco para moralismo. E ali, em meio a folia, as crianças pequenas vão tomando contato com um novo repertório de palavras e gírias. “Sacanagem”, “sapatão”, “transviado”… e por aí vai. É um momento importante para a formação de qualquer um.
Tudo transcorreu tranquilamente durante o João Capota na Alves. Até às 18h circulamos pelas ruas levando “sprayzadas” de espuma no cabelo e jogando confetes e serpentinas para o alto. Figuras importantes como Carmen Miranda, Chapeuzinho Vermelho, Batman, Robin e Neymar circulavam tranquilamente pela terra da garoa.
Vai quem Quer
Depois de uma parada para comer, repor energias e descansar (corpo e alma), o passo seguinte era ir para a concentração do glorioso bloco Vai Quem Quer, na praça Benedito Calixto. Por volta das 20h a praça já estava completamente lotada, e não se pode dizer que o clima era tão tranquilo e alegre quanto o que se viu de tarde.
Mas boa parte dos sujeitos mais mal-encarados (em geral bombados, sem camisa e com cara de que queriam confusão) não quiseram acompanhar o cortejo quando ele saiu às 21h30 e preferiram ficar bebendo pela praça. Assim, não atrapalharam o clima festivo do Vai Quem Quer, que reuniu uma verdadeira multidão pelas ruas de Pinheiros. Com 33 anos de tradição, a ideia do bloco é simples, e bem explicada por esta marchinha: “Vai, vai, vai/ Vai quem quer/ Entra bicha, entra homem/ Entra velho, entra mulher”.
E estavam todos lá, com os hormônios à flor da pele. Eram milhares de adolescentes de todas as idades. Adolescentes felizes de 12 anos e adolescentes felizes de 50 anos. No Carnaval de rua, todos rejuvenescem e brincam como crianças. Amigos se abraçam e cantam juntos; novos casais se formam e se desfazem; fantasias viram desculpa para puxar assunto… Quem dera isso acontecesse mais vezes no ano.
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