Você acredita na imprensa brasileira?

“Não, não acredito na imprensa nativa, nem na mídia em geral. Por duas razões essenciais. A primeira é política. Não temos uma sociedade complexa para permitir um jornalismo que a exprima em todas as suas crenças e tendências. No Brasil, contamos com um jornalismo de mão única, a manifestar os interesses da minoria, ou, por outro lado, o dos patrões, pontualmente servidos por seu exército de sabujos.
Nada mudou nos últimos 50 e tantos anos, desde a oposição ao Getúlio livremente eleito até Luiz Inácio Lula da Silva, tendo no meio a ardorosa campanha a favor do golpe de Estado gerador da ditadura que chamaram de revolução. A segunda razão é técnica, profissional. Estética, se quiserem, e estética também significa ética. O objetivo do jornalismo haveria de ser nivelar por cima, mas o nativo optou pelo nivelamento por baixo. De início, convicto de que o público é ignorante e néscio, como se fosse do interesse coletivo aprofundar o atraso mental. Percebo que, com o passar do tempo, os jornalistas caíram em sua própria armadilha: tornaram-se naturalmente ignorantes e néscios, e passaram a acreditar naquilo que pregam.”
Mino Carta, diretor de redação da revista CartaCapital

“Não se trata de acreditar ou não na imprensa. Os meios de comunicação pertencem às classes dominantes, logo, reproduzem sua ideologia de dominação hegemônica. A mídia, ao ignorar as demandas populares escolhendo o lado do ‘mais forte’ não faz com que essas necessidades desapareçam, apenas esconde sua urgência. E o sentido do jornalismo não é esse, de escamotear, mas sim de transmitir aquilo que não está evidente aos olhos de todos, que precisa de mediação e análise, distanciando-se da mera divulgação do senso comum.”
Filippo Cecilio, estudante de jornalismo da PUC/SP
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“Não cegamente. A imprensa tem se mostrado uma eficiente ferramenta no combate a crimes. A busca voraz pela notícia e pelo furo de reportagem leva a crimes, às vezes, não menores que os citados: manipulação de eleições, condenação de investigados e suspeitos, banalização de personagens da nossa história e da nossa cultura. A prepotência e a irresponsabilidade em nome da liberdade de expressão, por parte de jornalistas e veículos de imprensa, é lamentável. O caso da Escola Base e algumas capas da Veja (mortes de Elis Regina e de Cazuza, Movimento dos Sem Terra e Fidel Castro) são exemplos desses abusos.”
Helton Altman, empresário e proprietário da rede de bares Genésio, Filial e Genial

“Não, num acredito, não. É tudo meio manipulado, hipócrita, escondido. A revista Veja é supertendenciosa. O Jornal Nacional é parcial, sempre a serviço da empresa. É tudo meio escondido, saca? Acho que dá pra acreditar na Caros Amigos, no gibi da Mônica, e olhe lá!”
João Gordo, apresentador da MTV e músico


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