“A primeira ideia que tive de Brasil foi quando me dei conta de que a minha avó paterna não era daqui. Ela falava de um jeito estranho e me contava coisas de seu país de berço que ficavam na minha memória como um quebra-cabeça em que faltam peças. Saí do Brasil quando era pequerrucha. Fomos morar um tempo na Inglaterra. Entendi que fora era frio, e que esse frio deixava minha mãe tristonha. Quando virei adolescente, descobri meu gosto por viagens e nunca mais parei. Viajei o Brasil inteiro. Os lugares me interessavam, mas o que eu queria mesmo era entender aquelas pessoas, aqueles universos tão distintos do meu. Eram sorrisos tão puros, em situações tão inóspitas. Em uma dessas viagens fui a Manaus e fiquei impressionada com aquela cidade, com aquele aglomerado de concreto em meio à floresta mais famosa do mundo. Era muita pobreza, muito abandono e, como sempre, muitos sorrisos. Um dia, caminhando por lá, notei que a cada rachadura no asfalto, a cada buraco na parede nascia um pedaço da floresta. Em lugares impossíveis, lá estava brotando com toda força do mundo uma folhagem enorme, brilhante, verde, guerreira! Achei aquilo mágico, quase sobrenatural.”
Heloisa Aidar, empresária da cantora Tulipa Ruiz, dona da Pommelo Produções e Distribuições, mora em São Paulo há nove anos
“Acredito no Brasil porque acredito no potencial instintivo dos brasileiros de expandir horizontes e de buscar caminhos dignos para reinventar, dar novo significado aos valores, meios de produção, ao meio ambiente e tantas outras coisas ao seu redor, por meio da arte. O povo brasileiro tem um talento único com a vida que, com certeza, abrirá caminhos surpreendentes.”
Hugo França, designer, São Paulo, SP
“ Eu acho que neste momento está um pouco difícil acreditar no Brasil como instituição, prefiro acreditar na capacidade das pessoas do Brasil em mudar o País e em manter sempre o bom humor. O primeiro passo é exigir educação de qualidade para todos. Isso é possível, mas a população tem que cobrar. Vejo com esperança os alunos de São Paulo brigando pelo direito de estudar, opondo-se ao autoritarismo do governo. O que começou com a ocupação de apenas uma escola pelos estudantes virou um movimento, tomou corpo e se espalhou para outras escolas. Esta é uma saída em que acredito e acho que as pessoas estão despertando, começando a enxergar. O povo mais educado terá maior capacidade de reflexão e de escolha, menos preconceito e elegerá representantes mais dignos.”
Bruno Leone, estudante de publicidade, São Paulo, SP
Deixe um comentário