“Creio que a melhor resposta é a pergunta: quando? Quando vejo voluntários trabalharem em bibliotecas comunitárias, em favelas, sim. Quando o Congresso aborta a Lei do Aborto, condenando as mulheres pobres aos açougues clandestinos, deixo de crer. Quando fico sabendo que Amy Irving encenou Um Porto Para Elizabeth Bishop, de Marta Góes, na Brodway, e Paulo Coelho é reverenciado como o mais prestigiado autor do planeta, sei que tudo pode mudar. Mas quando prefeitos desviam verbas destinadas à construção de casas populares, como no caso do PAC, fica mais difícil. E melhora quando a Polícia Federal faz corretamente seu trabalho e envia à Justiça processos corretos, claros, minando a corrupção e colocando banqueiros, especuladores e políticos na cadeia. Deixo de acreditar quando os idosos são tratados feito lixo dentro de casa, os aposentados explorados pelos familiares por causa do empréstimo consignado. E me enterneço quando penso nas melhores cabeças brasileiras da atualidade e constato que todas, sem exceção, têm mais de 70 anos. Eu acredito no Brasil por causa dos brasileiros. E rezo, murmurando os versos de Vinícius de Morais: Outros que contem/ Passo por passo/ Eu morro ontem/ Nasço amanhã/ Ando onde há espaço/ – Meu tempo é quando. Rezo pedindo para passar logo este tempo que, por enquanto, é quando.”
Afonso Borges, produtor cultural, gestor do Sempre um Papo
“Assim como quase tudo na vida, ser otimista dá muito trabalho. Alguém já disse que cultura é o que sobra quando a gente se esquece de tudo. Mais ou menos como a respiração, presente em nossas vidas desde o primeiro minuto até a morte, sem darmos bola para o seu funcionamento, exceto em aulas de ioga ou meditação. As mudanças de cultura são lentas, trabalhosas e inexoráveis. A cultura ao mesmo tempo afeta as pessoas e é afetada por elas. É, pois, um ser vivo em constante transformação. Os escândalos recentes expressam a passagem de uma cultura antiquada, baseada no privilégio e impunidade, para uma outra mais inteligente, baseada na justiça e dignidade. Acredito no Brasil porque acredito no ser humano.”
Auro Danny Lescher, psiquiatra e psicoterapeuta
“É claro que eu acredito no Brasil. Não tem como não acreditar, se não eu já teria morrido. É um país moleque. Tem só 500 anos. É o país mais rico do mundo. o que tem mais água e natureza. Temos tudo aqui. O homem não conseguiu tornar o Rio de Janeiro feio, apesar de tudo. Não tem jeito de alguma coisa dar errada aqui. Temos uma enorme capacidade de transformação e de criação extremamente veloz.
Claro que eu acredito, não tem como não acreditar.”
Sócrates Brasileiro, ex-jogador do Corinthians e da Seleção Brasileira de Futebol, criador da Democracia Corintiana
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