“O Brasil faz parte deste planeta. Está sujeito ao aquecimento global, com seus desequilíbrios climáticos e demais consequências. E, nesse quesito, sou pessimista. O aquecimento deve acelerar-se, correspondendo às piores previsões. Isso, pela interação de efeitos: o derretimento polar libera gases da decomposição de matéria orgânica, que provocam mais aquecimento; grandes incêndios florestais, como estes da Austrália e Califórnia, produzem gás carbônico, calor, e, obviamente, aquecimento; a mudança de temperatura dos mares acarreta a extinção de algas que produzem oxigênio. Estamos atrasados em décadas na geração de energia limpa; obviamente, por contrariar interesses econômicos. O Brasil é um campeão do desperdício: perda de 40% de energia na transmissão; idem, perda de 40% da água entre o manancial e o usuário final. Nossas políticas ambientais são um faz-de-conta: devastadores são multados, mas as multas nunca são cobradas. Agora, deram-se conta da devastação da Serra da Cantareira, aqui, na cara de todo mundo… Desse jeito, não há otimismo que resista. ”
Claudio Willer, poeta e tradutor
“1970: O Brasil ganha a Copa. Meu pai me leva para ver a alegria dos desfiles. Meu primeiro ato patriótico tinha confetes visíveis e torturas invisíveis. Começo dos anos 80: surgimento do PT, volta dos exilados, novos ares. Nos corredores da USP, eu ouvia sobre o sonho da democracia. Ingênuo, pensava que ela seria um salvador instantâneo. 1992: Os Satyros decidem por um exílio voluntário. O Brasil nos dava vergonha. De Lisboa, vimos os caras pintadas e o impeachment pela TV. Três anos depois, voltamos ao Brasil com FHC e o “Esqueçam o que escrevi”. E então, Lula e o “Não sei de nada”. Meu ceticismo tomou o lugar de todos os sonhos. Mas sorrateiramente a democracia foi nos curando de vários males. O Brasil de hoje é infinitamente melhor do que aquele dos meus olhos de criança. Nosso futuro? Depende do acaso e, acima de tudo, de nós mesmos. ”
Rodolfo García Vázquez, diretor do grupo de teatro Satyros
“Eu acredito no Brasil, tem muitas coisas boas. Só falta um político bom ter uma boa oportunidade. Mas eu acredito sim, é um país de pessoas com boas intenções apesar de tudo. De toda a corrupção, pobreza, ruindade, mas eu acredito que se um político bom tiver uma boa oportunidade tudo é capaz de mudar, vai colocar pessoas boas e de pouco em pouco as coisas vão mudando.
Vanessa Santos, 23 anos, paulista e balconista do terminal rodoviário do Tiête, em São Paulo
“Eu acho difícil responder a essa pergunta. Acredito que o indivíduo faz a diferença no coletivo. O Brasil é esse universo, a terra que aceita todas as sementes. O brasileiro é esse povo de muitas raízes. Agora, o que faz a diferença é a atitude de cada um. ”
Paulo Stocker, cartunista
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