Você acredita no Brasil?

“Se acredito no Brasil? Ora, por favor, com todas as minhas forças, é claro que sim. E não por patriotismo. Acredito no Brasil, mas não acredito em patriotismo. Não por dever, muito menos por acreditar que é de bom tom dizer que sim. Acredito no Brasil e posso, muitas vezes, não acreditar nos governos. Não acredito nos pragmatismos sem limites (com algum senso de proporção, vá lá, dá para aceitar). Acredito também que o mundo cada vez mais acredita no Brasil. Acredito que o nosso País é o melhor lugar do mundo para estar, agora. Muita gente no mundo acha isso. E acredito que deveríamos ter a palavra “amor” na nossa bandeira: “amor, ordem e progresso”, como queria o sonho original dos positivistas (ficamos apenas com a parte mais chata do positivismo, a ordem e o progresso). E que o nosso hino deveria ser Aquarela do Brasil, para que os presentes balançassem o corpo quando ele fosse cantado. Todos os hinos de todos os países são afirmações de bravura militar – o nosso não precisava e não precisa disso. Poderia ser uma conclamação mais desarmada e cadenciada de outras vibrações, menos bélicas e mais belas. Não acredito em “país do futuro”, não acredito em “potência”, não acredito nas idolatrias artificiais do “nosso povo” e muito menos dos nossos “guias”, não acredito em “identidade nacional” – quando penso nisso, penso sempre no plural: “identidades nacionais”. Acredito no Brasil porque por aqui existe alguma coisa de um outro marco, um jeito torto de encontrar o certo, um desvio fundamental que pode ajudar a corrigir a triste rota dos poderes ocidentais. Acredito no Brasil como acredito em mim.”
Eugênio Bucci, jornalista e professor da ECA-USP

“Não sei se acredito… Um povo que não se preocupa em educar-se, não se preocupa com política, vive vendo televisão e discutindo futebol, temos um governo que em sua maioria legisla em causa própria e vive encobrindo escândalos e trocando favores… O País do jeitinho… Do carnaval… Acreditar nisso? Não sei… Prefiro não desacreditar que um dia isso possa mudar. ”
André Alves Braga, vendedor, São Paulo (SP)

“Acho que acredito, eu moro aqui. Eu tenho a esperança de que um dia ele melhore, afinal eu sou brasileira. Vejo muito problema na política, eles são muito lentos. E vejo muita pobreza, acho que o governo tem condição de dar uma vida melhor para esse povo. Eu acredito que os próximos tenham condição de melhorar isso. Alguém que realmente tenha uma cabeça para isso e não para enricar. Alguém que entre no governo e não se debandeie para o outro lado quando vir tanta grana passando, porque eu tenho a impressão de que a grana passeia lá no Senado. Eu tenho consciência de que ganham bem, leio os jornais que cato e sei que político não precisa roubar para enriquecer. O que tem de mudar é a nossa constituição, que tinha de dar uma renovada. Fazendo isso, a vida de todo mundo melhora. É pela minha filha de sete anos que acredito nessas mudanças.”
Maria Dulcineia Silva Santos, 46 anos, solteira por opção, catadora de lixo há 10 anos, São Paulo (SP)


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