Woodstock. Três dias de paz e amor

15 de agosto de 1969 – As atrações do primeiro dia do Woodstock não chegaram a tempo para suas apresentações devido ao congestionamento gigantesco, cerca de 130 mil carros, que bloqueava a rodovia que levava à fazenda em Bethel, Nova York, nos Estados Unidos. A Guerra do Vietnã estava no auge quando os primeiros acordes ecoaram em uma fazenda na cidade rural. Richie Ravens foi o primeiro artista a se apresentar e fez um show longo para compensar o atraso de outros músicos.
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O Woodstock durou três dias, 15, 16 e 17 de agosto, teve 32 atrações, como Jimi Hendrix e Janis Joplin, além de muitas outras desconhecidas do grande público, e representou o movimento da contracultura, da paz e do amor.

Os organizadores aguardavam 186 mil pessoas, mas o festival passou a ser gratuito quando quase de meio milhão de hippies derrubaram as cercas e a barreira que os separavam do evento que entraria para a história. Aquele fluxo repentino provocou congestionamentos imensos, bloqueando a Via Expressa do Estado de Nova York, transformando Bethel em “área de calamidade pública”.

Nesse meio tempo, muitos soldados americanos estavam voltando para os Estados Unidos dentro de sacos plásticos, mortos no Vietnã. Num grito de revolta, o veterano de guerra Country Joe McDonald levantou o mar de gente à sua frente e denunciou os horrores da Guerra do Vietnã na música “I-Feel-Like-I’m-Fixin’-To-Die Rag”, com frases como: “Pelo que estamos lutando? Não me pergunte, eu não dou a mínima. Próxima parada: Vietnã. (…). Não haverá tempo de entender o por quê, todos nós iremos morrer”.

Nos intervalos dos shows, os milhares de hippies tomavam banho pelados sem pudor algum em um lago perto do palco e se divertiam. Outros montavam suas barracas e guardavam energia para a maratona de shows que viria a seguir. Roupas coloridas e flores na cabeça eram o uniforme dos hippies. Crianças, cachorros, famílias e amantes eram vistos juntos em um clima de harmonia, de paz e de amor.

16 de agosto de 1969 – No sábado, segundo dia, um jovem mexicano deixou a todos boquiabertos com sua guitarra estridente. Era Carlos Santana, considerado o melhor com o instrumento, até então. No meio da tarde choveu, o que permitiu os famosos banhos de lama dos milhares de hippies, uma cena inesquecível e marcante. A banda inglesa The Who subiu no palco ao anoitecer cheia de energia e, como de costume, destruiu seus instrumentos de forma raivosa no final da apresentação.

Entretanto, o show mais aguardado da noite, uma das mais celebradas de todos os tempos, foi a de uma jovem de 26 anos com uma voz rouca, doce e potente ao mesmo tempo, Janis Joplin. A cantora americana dominou os músicos e a plateia que assistiam estonteados àquela apresentação única e arrepiante.

17 de agosto de 1969 – No dia seguinte, Joe Cocker fez uma versão totalmente diferenciada de “With a Little Help From My Friends”, dos Beatles, música essa que ficou mais conhecida das novas gerações na abertura do seriado “Anos Incríveis”, de Kevin Arnold e Paul Pfeiffer.

No meio daquele domingo, último dia do Woodstock, eis que um guitarrista negro, com uma bandana na cabeça, entra com sua guitarra branca e inicia o hino dos Estados Unidos, seu país de origem. Só que não era uma simples versão. O jovem Jimi Hendrix cravou nas notas musicais ruídos que lembravam bombas e tiros de metralhadora, uma referência clara à tão criticada Guerra do Vietnã. Um marco na história cultural e a apresentação mais celebrada de todas.

Amor duradouro

O casal símbolo do Woodstock, Nick e Bobbi Ercoline, estão casados e apaixonados até hoje, há exatos 40 anos da célebre foto que os imortalizou. O fotógrafo Burk Uzzle registrou o exato momento em que Bobbi protegia sua namorada Nick do frio com um cobertor colorido após a tempestade daquela tarde.

Nick e Bobbi foram fotografados há um mês pelo mesmo fotógrafo de outrora para uma revista americana, e se declaram perdidamente apaixonados até hoje. O casal pode ser flagrado andando de mãos dadas numa cidade próxima a Bethel, onde aconteceu o Woodstock.

Os custos de Woodstock

Quatro jovens diferentes entre si, John Roberts, Joel Rosenman, Artie Kornfeld e Michael Lang, organizaram o festival de música mais homogêneo da história. Os planos do quarteto mudaram quando moradores da cidade de Woodstock, onde seria realizado originalmente o festival, reclamaram da “baderna”. Os organizadores tiveram cinco semanas para dar vida ao Woodstock (mantiveram o nome por uma questão de estética) e gastaram U$ 2.400.000, uma fortuna exorbitante para a época.

Calcula-se que mais de 500 mil pessoas presenciaram os três dias do festival. Durante o evento, houve dois partos registrados (um dentro de um carro preso no congestionamento e outro em um helicóptero) e quatro abortos.

Filme Aconteceu em Woodstock

Quando a cidade de Woodstock não era mais uma opção para o festival, Elliot Tiber ofereceu o terreno de sua fazenda na cidade rural de Bethel para a realização do evento. Tiber tinha, na verdade, o objetivo de salvar o hotel dos pais da falência, só não tinha ideia das proporções que o evento tomaria. Ele conta essa história no livro Aconteceu em Woodstock, lançado este mês no Brasil pela editora Record (R$ 34).

O cineasta Ang Lee (de O Segredo de Brokeback Mountain) levou a história de Tiber para as telas de cinema com título homônimo ao do livro. O filme foi lançado este mês nos Estados Unidos e por aqui estréia em setembro.

Veja o trailer do filme de Ang Lee:



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