Zé Alencar dá mais uma bela lição de vida

Cheguei agora do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo Octavio Frias de Oliveira, o ICESP, um imponenete hospital inaugurado no meio do ano na avenida Dr. Arnaldo, com a alma leve e mais fé no ser humano.

O motivo é o velho amigo Zé Alencar, como Lula chama seu vice-presidente. Batalhando contra o câncer desde 1997, ele foi homenageado durante a cerimônia de entrega do Prêmio Carmen Prudente, da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica, no começo da noite de hoje.

Em breve discurso de agradecimento, falando de improviso, ele fez a pequena platéia de médicos, pacientes e voluntários dar boas risadas com suas histórias de como enfrenta a doença, sempre com força e bom humor, sem nenhum sinal de entregar os pontos.

A que mais fez sucesso foi a história do médico principal durante sua mais recente internação no Hospital Sirio-Libanês, para tratar de uma grave infecção intestinal.

“Vocês não podem imaginar o que é médico principal numa situação dessas”, começou a contar o vice-presidente, já abrindo um sorriso. Este médico, Paulo Hoff, chefe de uma equipe que cuida dele, proibiu-o de tomar café com leite e pão com manteiga, como ele sempre pedia de manhã.

Inconformado, Zé Alencar fez a mesma consulta a outro médico, que o liberou na hora. “Sabem qual foi o resultado? Uma tremenda diarréia Por isso, eu aprendi que é preciso respeitar sempre o médico principal”

Na primeira fila do auditório, quem mais se divertia com ele era sua inseparável companheira, dona Mariza, e o fiel escudeiro Adriano Silva, assessor de todas as horas e assuntos, o Gilberto Carvalho do vice.

Já perdi as contas de quantas vezes fui visitar este grande empresário que entrou tarde na vida pública, toda vez que ele é internado no Hospital Sírio-Libanês para fazer tratamento ou uma nova cirurgia. Mariza e Adriano sempre estão lá, recebendo as visitas, como se o hospital fosse uma extensão do Palácio do Jaburú, onde o vice mora em Brasília.

Ficamos amigos durante as muitas viagens do então candidato Lula na campanha de 2002. No final do ano anterior, Lula me falou para não deixar de ir na festinha de Natal que a gente sempre fazia no Instituto Cidadania.

“Você precisa ir na festa para conhecer o Zé Alencar. É um grande cara. Ele vai ser o nosso vice”. Pouco sabia dele e nunca poderia imaginar que este plano fosse dar tão certo, o ex-metalúrgico e líder sindical junto com o empresário de sucesso, a aliança capital-trabalho com que o hoje presidente Lula sempre sonhara. Zé Alencar era o único de paletó na festa, mas parecia à vontade.

Os dois se deram bem logo de cara porque têm uma trajetória semelhante, saindo do nada, cada um tomando rumo diferente na vida, um no comércio e na indústria, outro na política, mas sem nunca esquecer suas origens.

Lula e Zé Alencar são dois bons contadores de histórias e divertiam-se nas longas viagens de campanha, como se fosse um desses desafios entre cantadores nordestinos, cada um querendo contar mais vantagens do que o outro.

Bom de papo, Zé Alencar contou no auditório do hospital outras passagens divertidas sobre a sua luta contra o câncer, transformando uma cerimônia de natureza formal num agradável encontro de pessoas que acreditam e lutam pela vida, cada um na sua área.

“O senhor já tá falando melhor de improviso do que o presidente Lula”, brinquei com ele na saída, mas, nesta hora, ele ficou sério:

“Não, não, nem brinca com isso”

Ao final, outro bom amigo, o empresário José Alberto de Camargo lançou o livro “É Câncer”, escrito em parceria com o jornalista Camilo Vannuchi, no qual relata sua história na luta contra o câncer, muito semelhante à de Zé Alencar, e um coral de jovens cantou para lembrar que o Natal está chegando. Vida que segue.


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