Dono do famoso bar que leva seu nome na zona sul de São Paulo, Zé Batidão, 65, não deseja que nenhuma criança passe por algo semelhante ao que passou na infância. “Vim de Piranga (Minas Gerais) com 17 anos, assinando com o dedão. Não estudava porque os fazendeiros não deixavam, a gente era escravo. Eu, meus pais e meus irmãos trabalhávamos para eles todos os dias, e nunca vimos nenhum centavo. A gente só ganhava comida”, conta. Na capital paulistana, o jovem mineiro arranjou emprego em uma padaria, depois em restaurantes. Em 1988 abriu seu primeiro bar no Jardim São Luís, bairro em que está até hoje, e a aos poucos percebeu que apenas ganhar algum dinheiro não lhe fazia feliz.
Assim, junto com o poeta Sérgio Vaz, Zé Batidão criou há 13 anos o sarau de poesia que acontece em seu bar todas as semanas, o hoje célebre sarau da Cooperifa, que reúne até 700 pessoas. Também com o intuito de levar cultura para a região, os dois conceberam anos depois o Cinema na Laje, projeto que realiza sessões de filmes e leva diretores para debates em espaço do próprio bar. “A pipoca eu dou de graça. Faço uns 250 saquinhos e distribuo”, explica. Se não bastasse, criou um projeto para ensinar crianças a ler e escrever, uma biblioteca e alugou uma casa que funciona como um tipo de creche para crianças carentes. Lidando diariamente com todo tipo de gente – “traficantes, policiais e gente boa” – Zé Batidão mostra que não guarda rancor do que viveu no passado: “As pessoas são boas, é só a gente saber lidar”.
Para quem quiser conhecer o Zé Batidão, seus projetos culturais e sua gostosa feijoada, o bar fica na Rua Bartolomeu Dos Santos, 797, no Jardim São Luís, em São Paulo
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