De pele morena e sobrancelhas brancas graúdas quem não reconhece de longe o colecionador de coletes? O que talvez nem todos saibam é que esse homem é uma porção de coisas ao mesmo tempo: pintor, cartunista, cartazista, jornalista, escritor, dramaturgo e… bundólogo!, sim, aquele que é entendido de bundas.
Em 1960, lançou O Pererê, o primeiro gibi brasileiro de grande sucesso, representando um dos pontos altos na renovação que os quadrinhos nacionais tentavam empreender na época. Depois, estampou seus cartuns nas históricas revistas Pif Paf e O Pasquim, que editou junto com Millôr Fernandes, Jaguar, Fortuna e outros (era o primor do humor!). E, artista gráfico de primeira, também assinou cartazes antológicos do cinema nacional, como de O Assalto ao Trem Pagador e de Os Fuzis.
Pode-se dizer sem erro: existe um estilo Ziraldo que é inconfundível. Estilo que ganhou forma a partir das ilustrações de Jeremias, o Bom, com aqueles “pés de ferro elétrico”, como diria Borjalo, outro cartunista de mão cheia.
Hoje, octogenário, acumulou um trabalho intenso dedicado à literatura infantil. É ídolo das crianças. Que não seja para menos, curiosamente, o seu próprio nome carrega um jogo divertido, a combinação de Zizinha, sua mãe, e Geraldo, seu pai. Resultado: Ziraldo.
Quando se fala em sucesso do artista, não há como escapar de O Menino Maluquinho, aquele de panela na cabeça e mão metida dentro da casaca, tal e qual um Napoleão. Quem não conhece? Mas, vale a pena lembrar, foi Flicts, de 1969, o seu primeiro livro para os pequenos. A história de uma cor “rara e triste” que não acha lugar no mundo. Uma obra graficamente inovadora, uma marca na linguagem dos livros ilustrados, feito às pressas para uma encomenda.
Ziraldo representa um chamado à leitura. Está sempre disposto a defender energicamente a importância desse suporte maravilhoso, o livro, segundo ele, “o objeto mais perfeito que o ser humano inventou”. Sempre com humor e sem moral da história. Parabéns, menino Ziraldo!
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