Anticorpos isolados de sobreviventes do Ebola podem acelerar terapia contra a doença

Clínica de tratamento contra o Ebola em Monróvia, capital da Libéria (África Ocidental). Foto: Morgana Wingard/USAID (22/09/2014)
Clínica de tratamento contra o Ebola em Monróvia, capital da Libéria (África Ocidental). Foto: Morgana Wingard/USAID (22/09/2014)

Anticorpos isolados a partir de sobreviventes do Ebola podem ajudar a produzir vacinas capazes de neutralizar vários tipos do vírus, descreve estudo publicado nesta quinta-feira (21) na revista Cell.

Na pesquisa, cientistas da Universidade de Vanderbilt Medical Center e da Universidade do Texas, nos Estados Unidos, conseguiram isolar esses agentes de defesa. A esperança é que uma única vacina, ao contrário do que se pensava, possa ser produzida a partir desses compostos.

“Pensávamos que seria necessário cinco conjuntos diferentes de vacinas ou cinco diferentes (drogas) para combater o Ebola”, disse James Crowe Jr., um dos autores do estudo. “Este trabalho sugere que há elementos comuns em diferentes grupos de vírus. Com isso, talvez possamos chegar a uma solução para todos eles.”

O Ebola matou mais de 11.000 pessoas na África nos últimos dois anos. O vírus é transmitido pelo contato com fluidos corporais contaminados, incluindo sangue e sêmen. A doença causa sangramento maciço. A taxa de mortalidade é de 50%.

A Organização Mundial da Saúde relatou 24 focos de Ebola desde 1976. O maior deles começou na Guiné, em dezembro de 2013. Desde então, das 28.600 pessoas infectadas, 40% morreram.

Muitos dos anticorpos isolados poderiam ajudar a combater os tipos de vírus que deflagram esse surto recente na África. Atualmente, várias vacinas experimentais estão em desenvolvimento.


Como foi o estudo

Pesquisadores usaram um método de alta eficiência para isolar e gerar grandes quantidades de anticorpos a partir do sangue de sobreviventes de um surto de Ebola que ocorreu em 2007 em Uganda.

Como parte do estudo exigia o trabalho com vírus vivos, o Laboratório Nacional de Galveston ajudou no desenvolvimento. Lá, há instalações de biossegurança, capazes de lidar com o vírus Ebola sem riscos de contágio.

Além de neutralizar várias espécies do vírus em laboratório, um dos anticorpos também protegeu cobaias que haviam recebido uma versão letal do vírus.

“Acredito que, no futuro, poderemos encontrar uma estratégia de proteção para o Ebola”, disse Crowe. “Esse é um grande passo a frente.”

James Crowe, diretor do Centro Vanderbilt de Vacina, e Andrew Flyak,  estudante e principal autor do estudo. Foto: Vanderbilt University Medical Center
James Crowe, diretor do Centro Vanderbilt de Vacina, e Andrew Flyak, estudante e principal autor do estudo. Foto: Vanderbilt University Medical Center

Sobre o estudo

Cell. Cross-Reactive and Potent Neutralizing Antibody Responses in Human Survivors of Natural Ebolavirus Infection“.  Acesso em: 21 de janeiro de 2016. 


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