Bebida com açúcar tem papel importante no acúmulo de gordura na barriga, diz estudo

Bebidas adoçadas com açúcar são a principal fonte de consumo de açúcar nos Estados Unidos. Crédito da imagem: American Heart Association
Bebidas adoçadas com açúcar são a principal fonte de consumo de açúcar nos Estados Unidos. Crédito da imagem: American Heart Association

O consumo de bebidas com açúcar está associado ao aumento da gordura visceral, a que fica acumulada na barriga, informa pesquisa publicada nesta segunda-feira (11) no Circulation, prestigiada publicação da American Heart Association. O achado é um dos resultados de um grande estudo americano em curso, o Framinghan Heart Study. A pesquisa está sendo financiada com dinheiro do governo dos Estados Unidos e tem o intuito de melhorar o entendimento sobre as doenças do coração.

Segundo o estudo, quem bebe pelo menos um tipo de bebida com açúcar uma vez por dia tem um aumento de 27% na gordura visceral após seis anos, quando comparado a pessoas que não consomem bebida adoçada.

Essa informação é particularmente importante porque pesquisas anteriores já demonstraram que a gordura visceral é um fator de risco importante para a diabetes e doenças cardíacas. Tanto é que nos últimos anos a medida da circunferência da cintura vem sendo adotada como um critério de avaliação de saúde.

A gordura visceral, ou “gordura profunda”, envolve órgãos internos vitais como o fígado, o pâncreas e o intestino. Esse tipo de gordura é capaz de afetar a produção dos nossos hormônios e tem papel importante no mecanismo de resistência à insulina –o gatilho para a diabetes tipo 2 e doenças cardíacas.

Para chegar aos resultados, pesquisadores avaliaram o consumo de bebidas com açúcar e de refrigerante diet. Um total de 1003 participantes, com idade média de 45 anos, responderam a questionários e foram submetidos a exames de tomografia para mapear e medir a gordura corporal.

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Após esses primeiros dados, os indivíduos foram classificados em quatro categorias:: não-bebedores de bebidas com açúcar; bebedores ocasionais (bebidas adoçadas com açúcar uma vez por mês ou menos de uma vez por semana); bebedores frequentes (uma vez por semana ou menos de uma vez por dia); e aqueles que bebiam pelo menos uma bebida adoçada diariamente.

Os exames voltaram a ser feitos após seis anos. E os resultados encontrados indicavam aumento da gordura visceral de:

658 centímetros cúbicos para não-bebedores;

649 centímetros cúbicos para bebedores ocasionais;

707 centímetros cúbicos para os bebedores frequentes;

852 centímetros cúbicos para aqueles que bebiam uma bebida diária.

Embora o mecanismo biológico por traz do fenômeno seja desconhecido, Jiantao Ma, um dos autores do estudo e estudante de pós-doc no NIH (Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos), diz que é possível que o açúcar adicional contribua não só para o aumento da circunferência, como mostram os resultados, mas para a resistência à insulina, quando o corpo não utiliza o composto com eficiência.

Bebidas adoçadas com açúcar são a principal fonte de consumo do nutriente nos Estados Unidos. Sacarose ou xarope de milho são dois dos açúcares mais comuns encontrados nessas bebidas populares. “Nossos resultados estão em linha com as diretrizes dietéticas atuais que sugerem limitar o consumo de bebidas adoçadas com açúcar”, disse Ma.

O consumo diário de açúcar nos Estados Unidos é muito alto. Em média, os americanos adicionam cerca de 22,2 colheres de chá por dia, ou um extra de 355 calorias. As crescentes evidências revelando os riscos de saúde associados com o consumo de bebidas adoçadas levaram a American Heart Association a estabelecer diretrizes com o intuito de limitar o consumo do composto em 2009. São elas:

– Para a maioria das mulheres, não devem ser adicionadas mais de 100 calorias por dia de açúcares e, para os homens, o limite diário é de 150 calorias por dia.


Referências

MA, Jintao e et al. “Sugar-Sweetened Beverage Consumption is Associated With Change of Visceral Adipose Tissue Over 6 Years of Follow-Up”. Disponível em: http://circ.ahajournals.org/content/early/2016/01/06/CIRCULATIONAHA.115.018704.full.pdf+html. Acesso em: 11 de janeiro de 2016. 


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