A saúde é sempre uma grande preocupação, especialmente para os brasileiros, e há uma procura crescente de informações sobre o assunto. Nesse contexto, a internet tornou-se a referência de busca para uma grande parte da população. O grande problema é que a rede aceita todo tipo de informação, muitas vezes de veracidade duvidosa.
Em uma rápida consulta ao Google, no dia 12 de agosto deste ano, encontrei 533 mil sites em português prometendo soluções maravilhosas para o aumento do pênis, alguns assegurando que podem aumentar o órgão sexual masculino em até 15 centímetros! Entretanto, se formos procurar na literatura médica, veremos que não existe método eficaz e seguro para aumento do pênis.
Só esse exemplo permite compreender porque é importante que a Brasileiros Editora tenha criado Saúde!Brasileiros, um canal que busca veicular informações sérias sobre saúde, baseadas no real conhecimento científico para facilitar a vida do leitor. Fico muito feliz em participar deste espaço, que tenho certeza será extremamente útil.
Dito isso, quero falar sobre um rapaz de 19 anos atendi recentemente. Ele me procurou porque estava sentindo uma diminuição do seu desejo sexual. Dizia não ter mais vontade de se masturbar ou mesmo de ter fazer sexo com a namorada.
O quadro tivera início há algumas semanas, depois da interrupção de um tratamento à base de hormônios para ganhar massa muscular.
Para meu espanto, ele havia tomado injeções de testosterona durante três meses, como anabolizante, em uma dose normalmente suficiente para três anos e prescrita apenas nos casos em que o paciente realmente precisa de reposição. E isso em um homem jovem que não tinha queixa alguma, mas queria ficar “bombado”!
A testosterona é o hormônio responsável pelo desejo sexual e que também conduz a um aumento da massa muscular, mas causa efeitos adversos que não podem ser desconsiderados. Ela aumenta a produção de glóbulos vermelhos, o que pode dificultar a circulação sanguínea e eleva o risco de tromboses.
Além disso, a elevação dos níveis de testosterona bloqueia a produção, pela glândula hipófise, das chamadas gonadotrofinas – os hormônios que estimulam o testículo a produzir testosterona e espermatozóides.
Em última análise, a testosterona funciona como um anticoncepcional, com o agravante de que cerca de 10% a 20% dos homens não voltam a produzir espermatozóides quando interrompem o uso, tornando-se inférteis.
O espermograma (exame que avalia parâmetros do esperma, como cor e densidade, além de número, vitalidade e movimentação de espermatozóides) do meu paciente não mostrava nenhum espermatozóide. Já a falta de desejo sexual estava acontecendo porque os seus testículos não tinham voltado a fabricar a própria testosterona.
Ele havia recebido a indicação do uso do anabolizante de um amigo da academia e, pasmem, comprara a droga pela internet. Nas farmácias, esses medicamentos são controlados e vendidos com receita médica, que fica retida. O jovem me contou que alguns sites funcionam como verdadeiras e-lojas desses hormônios, recebendo por cartão de crédito e entregando no local indicado pelo cliente.
Os homens precisam saber que o uso da testosterona está indicado a indivíduos de qualquer idade que, por alguma razão, não a produzem suficientemente de modo natural. O tratamento deve ser feito com acompanhamento médico e controle rigoroso para que se possa usufruir dos seus benefícios.
Também devem ter em mente que ficar “bombado” é algo que pode ser conseguido por meio de treinos adequados e de uma maneira saudável. Os anabolizantes apressam o processo, mas além de não serem necessários para isso, produzem muitos danos.
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