Já pensou em fazer exames pré-nupciais?

No passado, era muito comum homens e mulheres marcarem consulta com seus médicos antes do casamento para fazerem exames pré-nupciais. Esses exames tinham a finalidade de detectar possíveis doenças sexualmente transmissíveis e geralmente incluíam um espermograma para avaliar a fertilidade do homem. Era uma rotina comum quando a mulher iniciava sua vida sexual no casamento.

A revolução sexual mudou os costumes e essa prática. Os casais costumam ter vida sexual ativa muito antes do casamento e vários desses exames são realizados durante o namoro. Mas ainda há homens que procuram o urologista para fazer um espermograma antes do casamento com o intuito de avaliar sua fertilidade.

Lembrei-me dessas questões porque há um mês atendi um rapaz exatamente nesta situação, com a diferença de que ele já havia colhido um exame que mostrou algumas alterações. O mundo havia desabado sobre ele e sua noiva, pois queriam muito ter filhos e a sua possível infertilidade alteraria todos os planos do jovem casal.

 A alteração mais significativa apontda pelo exame era em relação ao volume do esperma e ao número de espermatozóides, que se apresentavam diminuídos em relação aos valores normais. Quando perguntei se a coleta, que é realizada por meio de uma masturbação feita no próprio laboratório – às vezes em locais não muito “estimulantes” – tinha sido tranqüila, ele respondeu que não. Estava muito ansioso e perto do banheiro onde fez a coleta havia muitas crianças chorando, o que atrapalhou sua concentração.

espermatozoide

Expliquei a ele que a qualidade e a quantidade do esperma ejaculado dependem da excitação sexual. Quanto mais estimulado o homem, maior o volume e o número de espermatozóides. Muitos indivíduos absolutamente férteis são “reprovados” em um primeiro exame. Felizmente, foi o que aconteceu. O resultado de um novo  espermograma veio normal e o casal pode se acalmar. Entretanto, nem sempre é assim e o homem pode mesmo apresentar pequenas alterações. 

A história desse jovem casal mostra quanto a realização prematura e sem indicação médica do espermograma pode trazer preocupações desnecessárias.  

A primeira delas costuma aparecer quando o homem que faz o exame é informado de que não há tratamento clínico para a maioria das alterações apontadas pelo teste. Mas é muito importante que o indivíduo saiba também que o resultado do espermograma não é exatamente uma sentença e precisa ser contextualizado. Diversos problemas encontrados podem ser fruto das condições da própria realização do exame ou não vão ter importância dentro de um contexto maior, pois a fertilidade de um casal depende da fertilidade de cada um dos pares. Muitas vezes, pequenas deficiências masculinas podem ser compensadas pelas características da mulher e os filhos virão, sem que o homem jamais venha a saber de possíveis alterações no espermograma. Isso significa também que não há sentido em avaliar uma só parte do casal. Para que a mulher tenha uma avaliação similar, porém, seriam necessários muitos exames, alguns muitos invasivos e desconfortáveis como a injeção de contraste no útero (histero-salpingografia). 

 Por estas razões, quando sou procurado para fazer este tipo de avaliação, procuro identificar se o homem tem algum possível antecedente ou alguma alteração em seus testículos que possa prejudicar sua fertilidade. Caso isto não exista, procuro orientá-lo no sentido de não fazer o espermograma; afinal, não há vantagem em descobrir neste momento alguma alteração. Ao contrário, isso só vai trazer sofrimento psicológico.

A infertilidade só ocorre em 15% dos casais, assim os outros 85% vão descobrir que são férteis da maneira mais gostosa que há, quando ocorre a gravidez.


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