Brasil vive pior surto de febre amarela dos últimos 14 anos

O surto de febre amarela silvestre vivido pelo País é o maior dos últimos 14 anos. Apenas no mês de janeiro,  foram confirmados 70 casos da enfermidade. No surto ocorrido em 2003, o número de pessoas infectadas chegou a 64. 

Só em Minas Gerais, o número de pessoas mortas por febre amarela este ano passou de 25 para 32. No total, até agora, 40 pessoas morreram por febre amarela. O Estado concentra o maior número de casos. É um aumento de 28% em relação ao balanço feito na sexta-feira (13). Os novos dados foram divulgados em entrevista coletiva no Ministério da Saúde, em Brasília, na quarta-feira (25).

Somadas, as mortes verificadas em Minas e os três óbitos ocorridos no Estado de São Paulo fazem de 2017 o ano com maior quantidade de vítimas fatais pela enfermidade na última década. Apenas os dados do mês de janeiro já suplantam 2008, quando 27 pessoas vítimadas pela infecção.

Um dos transmissores da febre amarela silvestre é o mosquito Haemagogus leucocelaenus. Imagem: FioCruz
Um dos transmissores da forma silvestre da febre amarela é o mosquito Haemagogus leucocelaenus. Imagem: Fiocruz

Outro foco de preocupação das autoridades de saúde é a suspeita de que uma das vítimas registradas no Estado de São Paulo tenha se contaminado na zona rural de Januária, no Norte de Minas. É área não figura ainda no mapa de alerta das autoridades de saúde, que que agora está chamando a atenção.

Bloqueio vacinal

A estratégia do governo federal é bloquear o avanço da doença e sua chegada às grandes cidades vacinando a população de regiões vizinhas a Minas Gerais. Além de São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia e Espírito Santo fazem parte do plano de reforço vacinal.

Por isso, o Ministério da Saúde anunciou que reforçará a distribuição da vacina com mais 11,5 milhões de doses. Até agora, cerca de 5,5 milhões de doses foram distribuídos. Nos anos em que não há surto, em geral são distribuídas entre 800 mil e 1 milhão de doses.

De acordo com as autoridades, 6 milhões de doses serão entregues nos próximos dias e que 5,5 milhões serão repassados conforme a necessidade dos Estados.

Em Minas, o governo estadual enfatiza a necessidade de se fazer a vacinação de casa em casa nas zonas rurais. Segundo a subsecretária de Gestão Regional da Secretaria de Saúde de Minas, Márcia Faria, a cobertura vacinal do Estado é historicamente baixa, o que pode explicar o surto.

 A forma urbana da febre amarela é transmitida pelo mosquito Aedes Aegypti, o mesmo da dengue. Foto: CDC/EUA

A forma urbana da febre amarela é transmitida pelo mosquito Aedes Aegypti, o mesmo da dengue. Foto: CDC/EUA

Esquema de vacinação 

Durante a coletiva no Ministério da Saúde, representantes das secretarias de Saúde de estados onde há casos suspeitos ou houve mortes de macacos pela doença pediram que a população “seja criteriosa “ antes de procurar a vacina. Eles querem reduzir a procura em pelo imunizante em grandes cidades do Rio de Janeiro e do Espírito Santo argumentando que os casos estão concentrados nas zonas rurais.

O esquema vacinal da febre amarela é de duas doses, tanto para adultos quanto para crianças. As crianças devem receber as vacinas aos nove meses e aos quatro anos de idade.  Assim, a proteção está garantida para o resto da vida. 

Para quem não tomou as doses na infância, a orientação é tomar uma dose e um reforço, dez anos depois da primeira.

As orientações são apenas para as pessoas que vivem ou viajam para as áreas com recomendação de vacina na região.

Quem já tomou duas vacinas contra a febre amarela, ao longo da vida, não precisa mais ser imunizado contra a doença.


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