Nem uma gota de álcool. É isso o que projeto de lei PL 33/2014, idealizado por Gilberto Natalini (PV), quer alertar. Aprovado em segundo turno na Câmara municipal de SP, o projeto estabelece campanha permanente sobre os riscos de qualquer dose de álcool para o bebê. O texto da lei segue agora para sanção do prefeito Fernando Haddad (PT), que tem 15 dias para avaliação.
“O principal problema é que não se conhecem níveis seguros de consumo de álcool durante a gravidez. Portanto, não há tolerância”, destaca texto de campanha “Gravidez sem Álcool”.
Apoiado por atrizes e celebridades, a campanha existe há dois anos e foi criada pela Sociedade de Pediatria do Estado de São Paulo. Ela alerta para a Síndrome Alcoólica Fetal (SAF), que pode desencadear má-formações, alterações neurológicas, do coração e dos rins. São de 1 a 3 casos para cada nascimento no mundo.
Não há dados oficiais no Brasil, mas um levantamento no Hospital Cachoeirinha com 2 mil gestantes apontou que 33% bebiam mesmo esperando um bebê. Ainda, 22% consumiram álcool até o dia de dar à luz, informa a entidade. O Hospital Cachoerinha é uma maternidade referência no SUS localizada na zona oeste de SP.
Bebês que nascem com SAF têm alterações na face, em órgãos do corpo, podem nascer com peso abaixo do normal e ter retardo mental. Eles têm problemas de aprendizagem, memória, fala, audição, atenção e alterações de comportamento, que se mostram principalmente na idade escolar, e no relacionamento com outras pessoas.
Ainda, o conjunto de efeitos decorrentes do consumo de álcool, em qualquer dosagem ou período da gravidez, é chamado de “espectro de distúrbios fetais relacionados ao álcool”, que inclui a SAF. Para a Sociedade Brasileira de Pediatria de São Paulo, não há dose segura para o consumo durante a gravidez e, por isso, a campanha alerta para que se evite completamente a bebida.
Como o bebê é atingido?
O álcool atravessa a placenta e atinge o feto. Pela imaturidade do feto e os baixos níveis das enzimas fetais, o metabolismo e a eliminação do álcool pelo são mais lentos. O líquido amniótico é um reservatório de álcool e expõe ainda mais o feto aos seus efeitos.
Os efeitos negativos do álcool são mais frequentes no cérebro e no coração do feto. A probabilidade de que o bebê seja afetado e a gravidade da síndrome tem relação com a dose consumida, como é consumida, o período gestacional, o metabolismo do álcool no organismo materno e fetal, a saúde da mãe e a sensibilidade genética do feto.
A campanha alerta, no entanto, que não necessariamente todos os bebês vão apresentar síndromes graves. E que nunca é tarde para parar.
Com informações da Sociedade Brasileira de Pediatria do Estado de São Paulo e da campanha “Gravidez sem Álcool”.
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