Câncer ultrapassa doença cardiovascular como principal causa de morte em 12 países da Europa

Embora as doenças cardiovasculares matem mais e causem 17,3 milhões de mortes em todo o mundo anualmente, o câncer já ultrapassou as doenças do coração e da circulação como a principal causa de morte em 12 países europeus. Os dados são de estudo publicado nesta segunda-feira (15) no European Heart Journal.

A mudança se refere à diminuição de mortes por doenças do coração – e não ao aumento do número de casos de câncer.  Isso se deve principalmente ao sucesso de políticas públicas voltadas para a prevenção nesses países. Grande parte das mortes por doenças cardiovasculares pode ser evitável com diagnóstico precoce e adoção de um estilo de vida mais saudável. 

No Brasil, segundo dados da Sociedade Brasileira de Cardiologia, as doenças cardiovasculares ainda são as que mais matam. Cerca de 350 mil mortes são registradas anualmente no País por três disfunções mais comuns: infarto, insuficiência cardíaca e AVC (Acidente Vascular Cerebral). Já o câncer é responsável por cerca de 190 mil mortes anuais, segundo informações do Instituto Nacional do Câncer (Inca).

Os números do estudo europeu mostram que a condição socioeconômica do país tem impacto direto sobre a diminuição. ” Os 12 países em que o câncer ultrapassou a doença cardiovascular como a principal causa de morte são da Europa Ocidental, enquanto que o maior número de mortes pelo coração é registrado no Leste Europeu”, diz Nick Townsend, pesquisador da Universidade de Oxford (Reino Unido) e um dos autores da pesquisa.

Diminuir o número de mortes por doenças cardiovasculares é um desafio no mundo inteiro. Foto ilustrativa/Ingimage
Diminuir o número de mortes por doenças cardiovasculares é um desafio no mundo inteiro. Foto ilustrativa/Ingimage

Na França, onde o câncer ultrapassou as doenças cardiovasculares pela primeira vez, os números mais recentes (2011) mostram que 92.375 homens morreram de câncer e 64.659 morreram de doença cardiovascular. No Reino Unido, que ultrapassou a marca em 2013, o câncer matou 87.511 homens, enquanto 79.935 morreram por doenças cardiovasculares.

De um total de 3,8 milhões de mortes nos países da UE-15 (países que se tornaram membros da União Europeia antes de 2004), 33% delas foram causadas por doenças cardiovasculares (1,3 milhão), em comparação com 38% (1,9 milhão) das mortes nos países da UE-28 (países que se tornaram membros após 2004). Mas, nos países não membros da UE, as mortes por doenças cardiovasculares ocupam o topo e correspondem a 54% do total de falecimentos (2,1 milhões).

“Embora tenhamos visto progressos em toda a Europa na prevenção e no tratamento de doenças cardiovasculares, é claro que tal progresso não é consistente em todo o continente”, disse Townsend. Segundo o pesquisador, mais pesquisas são necessárias para investigar sobre o porquê de só alguns países mostrarem resultados.

Número de anos vividos com a doença 

Pela primeira vez, os pesquisadores também calcularam o número de anos vividos com incapacidade devido a doenças cardiovasculares, uma medida conhecida como anos de vida ajustados por incapacidade (DALY,  na sigla em inglês para disability-adjusted life year). Um DALY é equivalente a um ano de vida saudável perdido. Esses números também sublinharam as desigualdades entre diferentes partes da Europa.

O número de DALYs perdidos para doenças cardiovasculares em 2012 foi maior na Ucrânia (194 por 1000 da população), Rússia (181 por mil), Bulgária (167 por mil), Belarus (163 por mil) e Letônia (153 por mil). Ele foi mais baixo em Luxemburgo (39 por mil), Chipre (37 por mil), Irlanda (35 por mil), Islândia (32 por mil) e Israel (26 por mil).


Sobre o estudo:
European Heart Journal Cardiovascular disease in Europe: epidemiological update 2016.


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