O Centro de Atenção Psicossocial (Caps), ligado à Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), vai ter que entregar o imóvel onde funciona o atendimento, na Rua Pedro de Toledo, 214. A entrega foi consequência da crise de verbas enfrentada pela universidade –que prevê a desocupação de grande parte dos imóveis alugados. O centro é um modelo de referência para o atendimento de pacientes mentais graves e também é um centro-escola, com residentes ligados à Unifesp. Com a entrega, pacientes organizaram um abaixo-assinado para garantir a permanência do imóvel.
O Caps terá que ocupar um espaço dentro da psiquiatria da Unifesp, onde funcionam outros serviços ambulatoriais. “A medida é uma forma de otimizar recursos, uma vez que hoje o atendimento acontece em um espaço alugado”, informou a Unifesp, em nota enviada à reportagem.
O entendimento da equipe do Caps e de pacientes, contudo, é que o serviço não poderá prover o mesmo atendimento sem um espaço específico. “O serviço necessita de um local próprio porque lá funciona um atendimento de cuidado integral com pacientes mentais graves, que passam o dia em atividades terapêuticas”, diz um profissional do centro à Saúde!Brasileiros, que não quis se identificar.
O Caps ligado à Unifesp é um centro de referência. Alguns pacientes frequentam o centro de segunda a sexta e se envolvem com atividades diversas que buscam a reintegração no convívio social, como culinária, bate-papos, etc. O cuidado é intenso, com atendimento individual, em grupo, e passeios pelo bairro com busca à integração.
Os pacientes também são acompanhados por diversos profissionais de saúde mental e no uso da medicação. Grande parte, doentes mentais graves, frequenta o centro com atendimento intensivo. Entram às 8h e saem às 17h.
“Sem o imóvel, não vamos poder prestar esse atendimento intensivo e promover a reinserção na sociedade”, diz membro da equipe.
Os Capss fazem parte de um modelo de atendimento integral e multidisciplinar da saúde, que busca a reinserção do paciente na vida social –diferente do modelo centrado na hospitalização, que tende a isolar o indivíduo.
Os centros são uma conquista da reforma psiquiátrica, consolidada no Brasil a partir de 2001. A reforma representa o fim do modelo baseado na hospitalização. Nela, o manicômio sai do centro da assistência e vira um recurso limitado, só adotado em último caso e por tempo determinado. Os pacientes internados também são supervisionados pelo Ministério Público, que acompanha todo o processo, garantindo que ele esteja sendo feito com respeito aos direitos humanos.
Pacientes pedem socorro
Em abaixo-assinado, usuários anônimos do centro pediram socorro para que um imóvel adequado seja destinado. O texto foi assinado por 896 apoiadores e mostra a importância do serviço.
“O transtorno mental segue com evolução crônica. Costuma comprometer a vida do paciente, torná-lo frágil diante de situações estressantes e aumentar o risco de suicídio”, diz o texto.
“Devemos frisar que o trabalho da equipe multidisciplinar é excepcional e tem mostrado ótimos resultados, pois tudo se desenvolve com o aspecto global do paciente, a interação com a família e a sociedade.”
Deixe um comentário