Um estudo que avaliou os efeitos da cirurgia bariátrica em mulheres obesas concluiu que o procedimento reduziu o peso das participantes em um terço e eliminou algumas massas tumorais no útero que já continham células pré-cancerosas. Outros efeitos incluíram a melhoria dos seus níveis de insulina – o que reduz o risco de diabetes- e até mesmo alterações da microbiota intestinal.
Recentemente, a obesidade passou a ser considerada um fator de risco sólido para o desenvolvimento do câncer. Nas mulheres, o câncer endometrial e os tumores de cólon, mama, rins e vesícula biliar são alguns dos tipos associados ao aumento de peso. Cientistas acreditam que aproximadamente 50% dos tumores do endométrio, a camada que reveste o útero, estão atrelados à obesidade.
“Cerca de um quinto de todas as mortes por câncer em mulheres poderiam ser prevenidas se elas tivessem com peso corporal normal”, acredita Susan Modesitt, pesquisadora da Universidade de Virginia, nos Estados Unidos, e uma das autoras do estudo.
Como foi o estudo
A pesquisa analisou 71 mulheres com idade média de 44,2 anos e índice de massa corporal médio (IMC) de 50,9. Mulheres são consideradas obesas se tiverem IMC 30 e com obesidade mórbida quando o IMC chega a 40. Mesmo que estivessem dentro dessas faixas de IMC, quase um terço das mulheres que se apresentaram para a cirurgia bariátrica durante o trabalho da pesquisadora não se identificam como obesas.
No estudo, cerca de 68 mulheres foram encaminhadas ao procedimento: duas optaram por não fazer, e outra morreu de doença cardíaca antes da cirurgia. Para quem fez, os efeitos no emagrecimento foram dramáticos: a média de perda de peso foi de mais de 45 kg. As participantes foram acompanhadas por um período de até três anos após a cirurgia.
Resultados e prevenção do câncer
Dez por cento das voluntárias do estudo que não haviam passado por uma histerectomia (retirada do útero) mostraram alterações pré-cancerosas da mucosa do útero. Todas essas alterações desapareceram após a cirurgia. “A amostra é pequena, mas altamente sugestiva, uma vez que já sabemos a forte ligação entre o câncer endometrial e obesidade”, analisa Susan Modesitt.
A pesquisadora ficou ainda mais surpresa com os resultados em relação à microbiota intestinal. “O estudo demonstrou que há uma enorme alteração, mas eu nem sei o que dizer sobre isso, exceto que é algo novo e intrigante.”
Modesitt acredita que as alterações encontradas nas bactérias do intestino após a cirurgia bariátrica podem servir de base para achados importantes. Ela lembra que, no passado, antes de um trabalho inovador feito pelo pesquisador John Marshall , ninguém sabia que as úlceras eram causadas por bactérias.
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