Dieta com restrição calórica traz benefícios mesmo para quem não precisa perder peso

Estudo publicado nesta segunda-feira (2) no Jama Internal Medicine mostra que uma dieta de restrição calórica de 25% em adultos saudáveis não obesos melhora a qualidade de vida. A pesquisa foi feita com 220 homens e mulheres que cortaram calorias da dieta por um período de dois anos. Esses indivíduos podiam perder alguns quilos dentro de parâmetros saudáveis: eles pertenciam a uma faixa de peso que possibilitava o emagrecimento sem o risco de magreza extrema.

O estudo é pioneiro em avaliar uma dieta de restrição de calorias em indivíduos não obesos. Normalmente, esse tipo de pesquisa é feita em pessoas que precisam perder peso. A medicina trata a obesidade como doença e já é consenso que, em obesos, uma dieta de restrição calórica pode salvar vidas e melhorar o prognóstico de uma série de enfermidades associadas -como diabetes, hipertensão, problemas cardiovasculares e alguns tipos de cânceres. 

Agora, a restrição calórica em humanos não obesos saudáveis é um assunto controverso na ciência.  Em animais, muitas pesquisas sugerem que uma menor ingestão de alimentos, mesmo em indivíduos saudáveis, pode aumentar a longevidade de muitas espécies. No que tange aos humanos, porém, há preocupações com efeitos negativos desse tipo de dieta.

Com o intuito de tirar essa dúvida, pesquisadores do Pennington Biomedical Research Center, nos Estados Unidos, verificaram os efeitos da dieta em parâmetros em que se especula possíveis danos. Alteração de humor, diminuição da libido, sono, baixa resistência, depressão e irritabilidade foram algumas das variáveis testadas. 

Diminuição de 25% das calorias da dieta pode melhorar qualidade de vida, sono e humor em indivíduos saudáveis. Foto: Ingimage
Diminuição de 25% das calorias da dieta pode melhorar qualidade de vida em indivíduos saudáveis. Foto: Ingimage

Cerca de 220 homens e mulheres foram selecionados. O IMC (Índice de Massa Corporal) dos participantes variou de 22 a 28. O IMC é o parâmetro utilizado por médicos para verificar se o peso pode desencadear problemas de saúde. O índice é obtido dividindo-se o peso pela altura. Para uma magreza grave, por exemplo, o índice deve ser menor que 16; já para obesidade grau I, o IMC deve ser acima de 30. No caso do estudo, o IMC selecionado indica indivíduos saudáveis (IMC de 22 a 28) ou com leve sobrepeso.

A idade média dos participantes foi de 38 anos e 70% eram mulheres. Os indivíduos foram divididos em dois grupos (um que seguiu a restrição e outro que fez a dieta de sua preferência, sem qualquer roteiro). Os dados foram coletados em três momentos: no início do estudo, um ano depois e dois anos depois.

O grupo de restrição calórica perdeu uma média de 7,6 kg em comparação com menos de 500g do grupo controle (que não fez dieta restritiva). Segundo os autores, o grupo de restrição calórica, em comparação com o grupo controle, melhorou o humor, passou por menos tensão e observou melhora na função sexual e do sono. A perda de peso no grupo que restringiu calorias também foi associada com mais energia, disposição e vigor.

“Os resultados mostram que dietas de restrição de longo prazo (dois anos) não afetam negativamente a qualidade de vida e pode, inclusive, prover efeitos positivos.”, escreveram os autores do estudo. “A pesquisa mostra também que uma perda de peso de aproximadamente 10% em indivíduos não obesos saudáveis pode ser feita sem maiores preocupações.”

Leia o estudo

Effect of Calorie Restriction on Mood, Quality of Life, Sleep, and Sexual Function in Healthy Nonobese Adults. Disponível em: http://archinte.jamanetwork.com/article.aspx?articleid=2517920#Introduction


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