Doença de Chagas ameaça área do Texas, nos Estados Unidos

Rosa Maldonado, professora da Utep, segura amostras de inseto infectado pelo parasita de Chagas. Foto de  J.R. Hernandez / Utep News Service
Rosa Maldonado, da Utep, segura frasco come insetos infectados pelo parasita da doença de Chagas. Foto de J.R. Hernandez / Utep News Service

O parasita causador de Chagas pode estar se espalhando na região de El Paso, uma cidade americana que fica na fronteira Estados Unidos-México e tem cerca de 675.000 habitantes. É o que sugere um estudo recente feito pela Universidade do Texas em El Paso (Utep). 

Descrita pelo pesquisador brasileiro Carlos Chagas em 1909 (que lhe concede o nome), a doença é causada pelas fezes do protozoário Trypanosoma cruzi (T. cruzi). O T.Cruzi chega até o seu alvo por meio do barbeiro, um tipo de inseto que se alimenta de sangue. 

Ao contrário dos mosquitos que disseminam a malária por meio da picada, os barbeiros depositam suas fezes sobre o sujeito enquanto estão se sugando seu sangue. As fezes, que carregam o T.cruzi, muitas vezes penetram no corpo pelo ferimento deixado pela mordida. De lá, caem na corrente sanguínea e afetam gravemente o coração e o sistema gastrointestinal. 

Preocupados em averiguar o grau de disseminação do microorganismo T. cruzi, os biólogos da Universidade do Texas montaram armadilhas para coletar os insetos na Estação de Investigação da Universidade Indio Mountains, que fica 161 quilômetros ao norte da fronteira dos Estados Unidos com o México. 

Ao todo, foram capturados 39 barbeiros (Triatoma rubida, transmissor do T.cruzi). Os testes revelaram que 24 deles estavam infectados com o parasita que causa a doença de Chagas. É o equivalente a 61% da amostra. Os resultados foram publicados na revista Acta Tropical. 

 “Surpreendeu-me que muitos deles estivessem carregando o parasita”, disse Rosa  Maldonado, professora associada de ciências biológicas na Utep que liderou o estudo. “Foi um resultado muito elevado.”

Segundo a bióloga, aproximadamente 30% das pessoas das pessoas infectadas pelo parasita desenvolvem sintomas como anomalias do ritmo cardíaco ou mesmo insuficiência cardíaca. 

 A pesquisadora da Utep diz que há uma alta taxa de doenças cardíacas ao longo da fronteira e uma das razões pode ser a doença de Chagas. “Os médicos geralmente não consideram a doença de Chagas quando diagnosticam esses pacientes, mas eles precisam ficar cientes de sua prevalência nessa região”, diz ela. 

A bióloga Maldonado espera que seu trabalho traga mais consciência para a doença que ela considera um problema emergente nos Estados Unidos. A pesquisadora agora investiga a prevalência de T. cruzi em barbeiros, cães e gatos de rua encontrados em El Paso.

Sobre a doença de Chagas 

Ser mordido por um barbeiro não é a única forma de contrair a doença. Uma vez que um ser humano está infectado, o parasita pode ser transmitido aos outros através de transplantes de órgãos, transfusões de sangue e da mãe para o feto. Além disso, o parasita pode se disseminar por meio de alimentos e sucos contaminados por fezes de insetos infectados.

A doença de Chagas é endêmica em grande parte do México, América Central e América do Sul, onde se estima que cerca de 8 milhões de pessoas estejam infectadas atualmente. 

Os insetos transmissores prosperam em condições precárias de moradia (por exemplo, paredes de barro e telhados de palha). Por isso, as pessoas que vivem em áreas rurais nos países endêmicos (como o Brasil) estão em maior risco de contrair a infecção. 

Esforços de saúde pública destinados a prevenir a transmissão têm diminuído o número de pessoas infectadas em algumas áreas. A infecção é adquirida a partir de produtos derivados de sangue, transplante de órgãos. A transmissão congênita continua a representar uma ameaça.

O Centro de Controle de Doenças americano (CDC) estima que existam mais de 300.000 pessoas com infecção pelo T.cruzi vivendo nos Estados Unidos. A maioria teria adquirido a infecção em países endêmicos.

 

 


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