A conclusão veio de um estudo feito para analisar o efeito de uma substância presente em suplementos alimentares e chamou mais atenção do que a própria pesquisa: é muito difícil – ingerindo suplemento ou não -, queimar mais de um 1 kg de gordura por mês. A alvo da investigação foi a sinefrina, composto que pode também ser encontrado em menores concentrações em frutas cítricas como a laranja, mas tem sido usado em altas concentrações em produtos que anunciam a perda de peso. Mesmo com o suplemento, pontua o estudo, não há milagre.
A pesquisa explica que a maior parte da perda de peso observada após o exercício se deve à eliminação de líquidos, e não de gordura, embora a balança possa mostrar um peso total menor. Segundo o estudo, como tendemos a recuperar os fluidos perdidos durante a atividade física, achamos que perdemos muito peso, quando na verdade esse número é “falso” e pode aumentar depois.
A taxa máxima encontrada para a oxidação de gordura durante o exercício em ciclistas, conforme o estudo, foi de 0,7g /min. Isso sugere que, no melhor cenário, um indivíduo pode queimar 42 g de gordura depois de uma hora de exercício num nível altíssimo de intensidade, o que dá 678 g por mês. O estudo foi publicado no British Journal of Clinical Pharmacology.
O papel da sinefrina
Junto com a informação do quanto de gordura é possível queimar, a pesquisa avaliou o efeito da sinefrina e se realmente é verdade que ela aumenta a metabolização de gordura e de carboidrato. Resultado: de fato, o composto aumentou a metabolização de ambos.
A substância tem semelhança química com a efedrina (um estimulante do sistema nervoso central). Mas, ao contrário da efedrina, a sinefrina tem menos impacto nos batimentos cardíacos e na pressão arterial.
Como foi o estudo
A pesquisa avaliou os efeitos de 3 mg de sinefrina por kg de massa corporal sobre o metabolismo. Também foram medidas a taxa de oxidação de carboidratos e de gorduras durante o repouso e o exercício.
O estudo foi controlado por placebo (quando participantes ingerem uma substância “falsa”). Assim, 18 indivíduos foram submetidos a dois ensaios experimentais: em um, consumiram a sinefrina (3 mg / kg); no outro, consumiram placebo (extrato sem a substância).
Os gastos de energia e da pressão arterial foram medidos antes e depois da atividade física. A ingestão de sinefrina antes do exercício aumentou a taxa de oxidação de gordura e de carboidratos.
Também a sinefrina não teve efeito sobre o gasto de energia, frequência cardíaca ou pressão arterial. Ou seja, a sinefrina aumenta a capacidade máxima dos indivíduos para queimar gordura, mas não altera a intensidade com que isso foi alcançado. Os dados sugerem, assim, que os suplementos de sinefrina poderiam ser úteis, desde que bem indicados e com acompanhamento, para aumentar a oxidação de gorduras.
Suplemento é útil, mas não há milagre
A sinefrina pode ajudar, mas uma meta real é a perda de 200-300 g de de gordura por semana, um pouco mais de um quilo por mês, aponta a pesquisa.
“Essa é uma meta possível de alcançar, embora seja menos atraente que slogans de dietas milagrosas. Mas é o cientificamente possível”, diz Juan Del Coso, pesquisador da Universidad Camilo José Cela (UCJC), em Madrid, na Espanha, e um dos autores da pesquisa. “Também mostramos que é possível o uso da efedrina para o alcance dessa meta, mas sempre combinando dieta e exercício.”
Apesar de não ter efeitos sobre a pressão e a frequência cardíaca durante a atividade física, o pesquisador destaca a necessidade de mais estudos para determinar os efeitos do uso a longo prazo da sinefrina sobre o metabolismo.
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