O ministro da Saúde Marcelo Castro (PMDB) deve deixar o cargo nessa semana temporariamente para reassumir seu posto como deputado federal. A informação foi publicada na edição desta quarta-feira (17) do Diário Oficial. Provisoriamente, o secretário Executivo da Saúde, José Agenor Álvares da Silva, assume a pasta.
Uma das motivações apontadas para que Castro deixe o cargo é a disputa para nomeação de novo líder do PMDB na casa. Ele deve ajudar Leonardo Picciani (RJ) contra o candidato apoiado por Eduardo Cunha, Hugo Motta (PB). Marcelo Castro nega, no entanto, segundo informou a Agência Brasil, que tenha sofrido pressão do Planalto para reassumir o posto na Câmara. Castro disse que espera voltar ao Ministério da Saúde e que a exoneração é temporária.
Castro esteve envolvido em declarações polêmicas durante a crise de saúde pela qual passa o País. O ministro foi fortemente criticado por declarar que o Brasil “estava perdendo feio para o Aedes”. Em outra ocasião, Castro também foi alvo de críticas ao dizer que mulheres grávidas devem saber que “sexo é para amador, gravidez é para profissional.”
O ministro também foi considerado machista ao afirmar que mulheres estariam mais suscetíveis ao zika por ficarem com as “pernas de fora”. Ele ainda afirmou que o jeito era torcer “para que mulheres peguem o zika antes da idade fértil, aí ficariam imunizadas pelo próprio mosquito.”
Crise na saúde mental e críticas
Castro enfrentou protestos e uma ocupação ainda persiste dentro do Ministério da Saúde contra a nomeação de Valencius Wurch para cargo de Coordenador Nacional de Saúde Mental. Wurch foi indicado por Castro e representaria um retrocesso ao ser, segundo ativistas, favorável ao manicômio.
Valencius foi o diretor do maior manicômio privado da América Latina, a Casa de Saúde Dr. Eiras de Paracambi, na Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro. A instituição foi fechada por ordem judicial em 2012 após anos de denúncias sobre violações dos direitos humanos.
Para ativistas e psicólogos, um dos problemas da indicação do Valencius está na decisão “pessoal demais” do Marcelo Castro, ministro da Saúde. Segundo eles, é a primeira vez que um ministro quebra um pacto com a sociedade civil, de só nomear coordenadores com o histórico de luta a favor da reforma psiquiátrica, lei vigente no Brasil desde 2001.
A reforma representa o fim do modelo baseado na hospitalização. Nela, o manicômio sai do centro da assistência e vira um recurso limitado, só adotado em último caso e por tempo determinado.
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