Uma combinação de drogas projetada para melhorar a capacidade do sistema de defesa do organismo alcançou excelente efeito terapêutico contra tumores avançados de mama e pâncreas e também contra as suas metástases. A pesquisa que levou a esses resultados foi feita pela renomada Clínica Mayo, nos Estados Unidos.
Até agora, os testes foram realizados apenas em animais (ratos) com tumores agressivos de mama e pâncreas. Porém, diante dos resultados animadores divulgados nesta terça-feira (12), a Mayo levará a pesquisa adiante com testes em seres humanos. O FDA, a agência americana que regula medicamentos, já aprovou um ensaio clínico para avaliar os efeitos da combinação de remédios em indivíduos com tumores avançados de pâncreas, mama, colo-rectal, melanoma e outros.
O caminho escolhido pelos especialistas foi induzir o sistema imune a atacar o câncer como se as suas células fossem uma infecção bastante grave, a ponto de oferecer risco de vida. Os tumores podem permanecer discretamente no corpo durante meses ou anos antes de causar grandes problemas, levando o sistema imunológico a conviver com eles em vez de lutar contra. É o que os médicos querem mudar. Chamada de imunoterapia, essa linha de pesquisa é a maior esperança da medicina para vencer as células alteradas do câncer.
Estratégia é estimular o corpo a atacar
Para obter esse efeito, os cientistas encontraram uma substância capaz de estimular o sistema imune, que estão chamando de agonista de TRL. “Testamos um fármaco que imita bactérias invasivas”, explicou o pesquisador Peter Cohen, um oncologista e imunologista da Clínica Mayo que estuda meios de levar o organismo a reagir contra o câncer. Ele é co-autor do trabalho que envolveu também a imunologista Sandra Gendler e Soraya Manrique. Os efeitos positivos que estão animando os pesquisadores foram publicados nesta terça-feira (12) na edição on-line da revista Oncotarget.
Os cientistas avaliaram a ação da substância escolhida (definida por eles como um agonista de TLR) em combinação com outros dez medicamentos quimioterápicos e viram que, entre todas as possibilidades testadas, somente a combinação do agonista com o quimioterápico ciclofosfamida realmente levou à erradicação dos tumores de modo consistente.
Para a equipe de investigação, a associação do remédio para atiçar o sistema imune contra o câncer com o agente quimioterápico teve excelente efeito nos tumores agressivos de mama e pâncreas nos seus locais de origem e também nas metástases. De acordo com eles, os tumores não voltaram a ocorrer (o que se chama de recidiva) após os animais terem recebido mais cinco ciclos da associação de medicamentos.
A equipe da Clínica Mayo relatou que o tratamento combinado foi muito bem tolerado e, na verdade, mostrou-se menos tóxico aos animais do que os agonistas de TLR ou o quimioterápico ciclofosfamida ministrados isoladamente.
A combinação de drogas também se mostrou capaz de instigar os monócitos a participarem da caçada às células cancerosas. Um monócito é uma célula que faz parte do sistema imunitário do corpo humano e é um dos responsáveis por manter os tecidos livres de corpos estranhos. “Parece-nos muito provável que cada rodada do tratamento combinado estimule a medula óssea a produzir monócitos recém-ativados”, disse a cientista Sandra Gendler.
Otimista, o pesquisador Cohen informou que sua equipe também foi capaz de identificar substâncias da classe dos agonistas de TRL com o poder de ativar os monócitos do sistema de defesa do organismo humano para procurar e matar tumores.
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