Equilíbrio da flora do intestino tem papel importante na saúde mental, diz estudo

Um estudo publicado na revista Cell mostra que a flora do intestino pode ser usada para aliviar transtornos mentais como esquizofrenia e depressão. A pesquisa descobriu que bactérias intestinais se comunicam com o cérebro por meio das células de defesa. Esse processo, por sua vez, leva ao nascimento de novos neurônios.  Quando há um desequilíbrio da flora, a quantidade dessas células do sistema imune diminui  -e o surgimento de novos neurônios é interrompido. 

Para chegar aos resultados, pesquisadores deram fortes antibióticos para camundongos para “desativar” a microbiota intestinal. Em comparação com os ratinhos que não tinham sido submetidos a tratamento, menos células nervosas eram formadas na região do hipocampo (área do cérebro responsável pela memória).

A memória dos ratos tratados também se deteriorou porque a formação destas novas células cerebrais -um processo conhecido como neurogênese -é importante para certas funções da memória.

Assim como a ausência dessas células, os pesquisadores também descobriram que a população de uma célula imune específica no cérebro -os monócitos- diminuiu significativamente quando a microbiota foi desligada. Os cientistas se perguntaram, então: poderiam estas células do sistema imunológico serem intermediárias entre o cérebro e o intestino?

Tipo específico de célula do sistema imune faz com que intestino se comunique com o cérebro. Achado abre caminho para o tratamento de transtornos mentais. Foto: Ingimage
Tipo específico de célula do sistema imune faz com que intestino se comunique com o cérebro. Achado abre caminho para o tratamento de transtornos mentais. Foto: Ingimage

Cientistas testaram e confirmaram a hipótese: quando eles removeram apenas estas células dos ratos, a neurogênese diminuiu. Também nos ratos em que a microbiota foi “desativada”, uma injeção dessas células permitiu com que novos neurônios nascessem.

De acordo com Susanne Wolf, autora do estudo, essa nova função das células imunes é de interesse geral. A equipe de Wolf também descobriu que antibióticos diminuem o número dessas células e também podem afetar o cérebro diretamente -e não apenas via as bactérias do intestino.

O novo estudo também é de importância para o tratamento de pessoas com transtornos mentais, como esquizofrenia ou depressão. “Além de medicação e exercícios físicos, esses pacientes poderiam também beneficiar de probióticos (substâncias que estimulam a flora intestinal)”, diz Wolf. 


Leia o estudo:

Ly6Chi Monocytes Provide a Link between Antibiotic-Induced Changes in Gut Microbiota and Adult Hippocampal Neurogenesis. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1016/j.celrep.2016.04.074


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