Um grupo de especialistas nos Estados Unidos recomendou rastreamento de todas as pessoas entre 40 e 70 anos com sobrepeso ou obesas. O objetivo da indicação de exames em massa é a procura por níveis anormais de açúcar para que o surgimento de doenças cardiovasculares e da diabetes seja evitado. As indicações foram publicadas nesta terça-feira (27) no Annals of Internal Medicine.
O artigo com as diretrizes foi escrito por pesquisadores da Força-Tarefa de Serviços Preventivos dos Estados Unidos (U.S Preventive Task Forces – USPSTF, em inglês). O respeitado grupo revisa estudos clínicos periodicamente e, a partir deles, faz recomendações de saúde com o intuito de promover a prevenção das condições que mais afetam os Estados Unidos.
No texto, os especialistas recomendam também que todos aqueles com níveis anormais de açúcar no sangue sejam encaminhados para programas de aconselhamento que promovam mudanças na dieta e a prática frequente de exercícios físicos.
Os níveis elevados de glicose no sangue ocorrem quando o corpo não consegue quebrar e utilizar açúcar, mas a disfunção não é ainda suficientemente grave para ser classificada como diabetes do tipo 2. Para essas pessoas, estudos comprovam que mudanças para estilos de vida mais saudáveis ajudam a prevenir ou retardar o aparecimento da diabetes.
A diabetes não controlada é uma das principais causas de morte cardiovascular. A condição também pode resultar em outras complicações, como a perda de visão, insuficiência renal, e a amputação. A diabetes é a principal causa de insuficiência renal, sendo responsável por mais de 44% dos novos casos de doença renal terminal em 2011.
Também cerca de 60% das amputações não traumáticas (vindas de acidentes) de membros inferiores ocorrem em pessoas com diabetes. Entre os adultos com idade semelhante, o risco de morte é 1,5 vezes maior em pessoas com diabetes do que naqueles sem a condição.
Evidências
Essa atualização do grupo substitui uma outra, feita em 2008, que não encontrou motivos para o rastreamento. Naquela época, segundo o USPSTF, as evidências eram insuficientes. Agora, estudos consistentes aumentaram a confiança de que essas intervenções podem melhorar os resultados clínicos.
“Esses estudos mostraram que mudanças no estilo de vida têm mais efeito na redução da progressão da diabetes que qualquer medicação”, escrevem. “Os benefícios incluem redução da pressão arterial, de gordura e dos níveis de glicose.”
O artigo cita pesquisas que mostraram que intervenções desse tipo podem diminuir a mortalidade. Eles também analisaram outras que poderiam indicar algum malefício do rastreamento e, segundo os pesquisadores, as evidências foram limitadas.
Um dos estudos mostrou que o rastreamento pode gerar ansiedade em um período curto, mas outros dois não encontraram efeitos psicológicos negativos associados ao rastreamento ou ao diagnóstico de níveis elevados de açúcar.
Aqui, o grupo também detalha que tipo de intervenção é mais eficaz. Elas geralmente incluem sessões com meta de perda de peso, reuniões com conselheiro de atividade física e planos individualizados de dieta e exercício.
Outras populações
Os pesquisadores também fazem uma ressalva ao rastreamento: ele foi analisado com base em estudos feitos em populações brancas. Outras populações, como índios ou afro americanos, podem ter diabetes com IMC (Índice de Massa Corporal, parâmetro usado para verificar obesidade, peso normal ou sobrepeso) abaixo da considerada no estudo (que foi acima de 25).
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