Investir no refrigerante “zero” pode ser uma armadilha para a sua saúde

Na última semana de abril, chegou ao mercado a “Coca Cola Verde”. O refrigerante diz ter 50% menos açúcar que o tradicional, mas segundo o Idec (Instituto de Defesa do Consumidor), bebida está longe de ser saudável. Junto com ele, outras versões de refrigerantes diets e lights foram desmistificadas pelo instituto. A entidade emite um alerta para quem opta por essas opções: elas não são a mais saudável.

Sobre a “Coca Cola Verde”, o instituto avisa que o refrigerante mistura açúcar com adoçante. O edulcorante é do tipo o estevia que, apesar de ser natural, não necessariamente faz bem à saúde. “Apesar de se venderem como ‘saudáveis’, elas continuam sendo bebidas açucaradas que contribuem para o aumento de doenças crônicas como obesidade e diabetes, cuja incidência vem aumentando muito no Brasil”, disse Ana Paula Bortoletto, nutricionista e pesquisadora do Idec, em nota.

Uma pesquisa da UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro) mostrou que o estevia causou danos ao DNA e ao cérebro de ratos. “Quando a substância penetra em uma célula, como em bactérias presentes no intestino, ocorre a sua metabolização e a produção de uma outra substância, o esteviol, que é tóxico”, disse o pesquisador Adriano Caldeira de Araújo, professor do Instituto de Biologia da UERJ em nota da FAPERJ.

O professor indica que mais estudos são necessários para analisar o efeito do estevia em humanos e em baixas dosagens ao longo do tempo.

Versões mais "saudáveis" de refrigerantes podem não fazer tão bem à saúde. Foto: Ingimage
Versões mais “saudáveis” de refrigerantes podem não fazer tão bem à saúde. Foto: Ingimage

O Idec explica que a Coca Cola Verde só foi permitida no Brasil por uma mudança na lei orquestrada em dezembro do ano passado. “Um decreto de 2009 proibia a associação de açúcares com adoçantes na fabricação de bebidas, exceto para refresco em pó (aqueles de saquinho). Porém, em dezembro do ano passado, a regra foi alterada (por meio de outro decreto, de nº 8592), e passou a permitir tais misturas”, diz o Idec, em nota.

O instituto diz que a mudança na legislação ocorreu por pressão da indústria e que representa um retrocesso ao consumidor.


De olho nos refrigerantes “zero”

No ano passado, o Idec publicou uma extensa pesquisa em que avaliou 53 produtos diet/light ou zero e concluiu que, apesar de alguns deles conterem menos açúcar, os adoçantes usados para manter o sabor doce dos alimentos ainda representam riscos à saúde.

Segundo a entidade, se ingeridos em grandes quantidades, eles podem aumentar o risco de câncer, prejudicar o feto e causar aumento do peso. O argumento do Idec é corroborado por alguns estudos, apesar de ainda serem insuficientes. Um estudo de 2014 publicado na Nature, por exemplo, mostra que adoçantes contribuem para a intolerância à glicose por meio da alteração da microbiota intestinal.

O resultado completo da pesquisa do Idec pode ser lido aqui. Para a avaliação com todas as marcas, confira essa tabela.


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