Jovens brancos abusam mais de drogas pesadas que negros, diz estudo

O abuso e dependências de drogas “pesadas”, como a cocaína e os opiáceos, são mais comuns em brancos não hispânicos com passagens pela polícia que em jovens americanos negros e hispânicos que também já passaram pela prisão. O longo estudo, publicado no American Journal of Public Health, acompanhou esses jovens por mais de 12 anos.

“Esses resultados são impressionantes, ainda mais se considerarmos o estereótipo amplamente aceito de que os afro-americanos são os maiores abusadores de drogas pesadas “, disse Linda A. Teplin, uma das autoras do estudo e professora de Psiquiatria e Ciências Comportamentais na Northwestern University Feinberg School of Medicine, nos Estados Unidos.

Entre jovens que passaram pela prisão, os negros são os que menos abusam de drogas pesadas. Foto: Ingimage
Entre jovens que passaram pela prisão, os negros são os que menos abusam de drogas pesadas. Foto: Ingimage

 

Segundo os pesquisadores, o estudo oferece a primeira visão abrangente do abuso de drogas na juventude após a detenção. Os resultados da pesquisa mostram que jovens brancos não hispânicos têm 30 vezes mais chances de transtorno de uso de cocaína em comparação com os afro-americanos. Já os jovens hispânicos têm 20 vezes mais chances em comparação com os afro-americanos.

“Nossos resultados podem somar ao crescente debate sobre como a guerra contra as drogas afeta os afro-americanos”, diz a pesquisadora. “Descobrimos que os afro-americanos são menos propensos do que outros grupos raciais ao abuso de drogas pesadas. No entanto, eles são desproporcionalmente os que mais vão à prisão por crimes de drogas.”

Entre os homens nascidos em 2001, um em cada três americanos africanos e um em cada seis hispânicos será encarcerado em algum momento durante suas vidas – em comparação com um em cada 17 caucasianos – de acordo com uma estimativa do Departamento de Justiça dos Estados Unidos. “Devemos tratar como uma disparidade de saúde o encarceramento desproporcional dos afro-americanos”, disse Teplin.


Como foi a pesquisa

O estudo de 12 anos analisou 1.829 jovens (1.172 do sexo masculino e 657 do sexo feminino) com idades entre 10 e 18 anos. Eles haviam sido detidos em Chicago entre 1995 e 1998. Os pesquisadores realizaram até nove entrevistas com os participantes.

A pesquisa também constatou que 91,3% dos homens e 78,5% das mulheres tinham tido um transtorno por uso de substância. Os homens foram mais propensos a terem distúrbios associados ao álcool e à  maconha. Já elas, tiveram mais distúrbios pelo abuso de cocaína, opiáceos, anfetaminas e sedativos.

“Infelizmente, o abuso de substâncias nessa população é a regra, não a exceção”, disse o principal autor do estudo Leah Welty, professor associado de medicina preventiva e de psiquiatria na Feinberg. “Esses jovens adultos já enfrentam desafios substanciais e o abuso de substâncias compromete ainda mais o seu futuro.”

O abuso de maconha foi a mais comum desordem durante a maior parte da vida adulta desses jovens, segundo o estudo. “O abuso de substâncias é um dos problemas de saúde mais sérios nos Estados Unidos”, disse Welty. “Serviços de reabilitação e tratamento durante a prisão poderiam amenizar as disparidades de saúde nessa população altamente vulnerável.”


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