Justiça determina que Anvisa formalize a liberação do THC para uso medicinal

Em resposta a uma ação que se arrasta desde 2014, a Justiça Federal determinou que a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) explique os motivos pelos quais ainda não formalizou a liberação do THC para uso medicinal e de pesquisa clínica em documento de substâncias proibidas, a F2, e que tome as providências necessárias para fazê-lo. 

A Anvisa, agência que regula medicamentos no Brasil, mantém uma lista de substâncias cujo comércio e uso indiscriminado é crime no País. Entre elas está o tetrahidrocanabinol, o THC. A substância é um dos 80 princípios ativos da maconha e é conhecida por seu efeito psicotrópico  – o “barato”.

O THC, porém, é utilizado na sua forma in natura para algumas enfermidades e é também o princípio ativo de medicamentos já comercializados em outros países, como o conhecido Sativex, indicado para o tratamento de espasmos musculares na esclerose múltipla e o Marinol, usado para o alívio de náuseas durante a quimioterapia.  E é com base nesse uso que a Justiça pediu que o THC fosse liberado. 

Cientistas avaliam efeitos do consumo regular da maconha. Foto: Ingimage
Anvisa deverá formalizar em documento a liberação do THC para uso medicinal e de pesquisa, decide Justiça. Foto: Ingimage

 

Em 2014, a Anvisa retirou dessa lista o CBD (canabidiol), outro princípio ativo da maconha, mas sem efeito psicoativo. Motivado por essa ação, o Ministério Público Federal iniciou uma intensa pesquisa e pediu também que a retirada fosse estendida para o THC. 

Primeiramente, a Justiça acatou a decisão e pediu que a Anvisa retirasse também o composto da lista de substâncias proscritas. Mas a agência recorreu e explicou que a retirada do THC seria, na prática, “liberar” a maconha. O juiz federal, então, mudou sua primeira decisão e pediu que o THC continuasse na lista, mas que fosse criada uma ressalva liberando-o para uso medicinal e em pesquisa. 

Formalização no documento

Em recurso, a Anvisa explicou ao juiz que o uso do THC já é liberado para uso medicinal e clínico. O que o juiz federal Marcelo Rebello Pinheiro não entendeu, entretanto, é que se o uso já é liberado, porque esse adendo não está formalizado na lista de substâncias proibidas, como deveria ser. 

Assim, ele escreve na ação:

“A determinação judicial concernente à criação de Adendo à Lista E [permissão para uso medicinal e clínico] corrobora o que as próprias Embargantes admitem que deva ser feito, isto é, que sejam cumpridas as determinações correspondentes nos regulamentos legais e procedimentos estabelecidos, de modo que não há razão para que a prática reconhecida pelas próprias Rés não seja efetivamente formalizada.”

O juiz determinou ainda que a pesquisa e uso medicinal com o THC devem ser notificadas à Anvisa e ao Ministério da Saúde. 


Comentários

7 respostas para “Justiça determina que Anvisa formalize a liberação do THC para uso medicinal”

  1. A dignidade precisa ser marginal! Seja marginal seja herói! e não um positivista ignorante que reza o que de pior a ciência já fez, achar que substâncias naturais e milenares possuem correspondência com a moral do homem ocidental decadente. Governista de bosta!

  2. Avatar de Mario Sergio Ramalho
    Mario Sergio Ramalho

    Atuo no projeto de desenvolvimento de produtos medicinais a partir do Canabidiol com comprovada ação terapêutica proporcionado inúmeros benefícios a mais de 800 brasileiros, hoje em tratamento. As evoluções tecnológicas apontam para novos produtos que serão submetidos aos necessários ensaios clínicos para o registro sanitário de novos medicamentos para outras aplicações, cientificamente comprovados.

    Cientistas e clínicos renomados responsáveis por projetos com a planta cannabis repudiam a generalização do uso da maconha com o argumento de medicinal por se tratar de uma clara manobra enganosa sem quaisquer estudos clínicos e, principalmente, sem qualquer controle sanitário onde se misturam substancias com teores, potencias expondo o usuário à riscos de contaminação.

    Tecnicamente é um erro utilizar integralmente a planta na pseudo produção de medicamentos a partir da cannabis; por exemplo: substancias contidas na flor são nocivas a saúde, especialmente, quando misturadas a folha ao caule produzem outras substancias sem qualquer segurança para o usuário.

    Repudiamos veementemente está distorção implementada por interesses outros, induzindo ao judiciário a intervir na atividade de saúde pública forçando a confusão, misturando CANABIDIOL com outros agentes tóxicos produzidos pela cannabis com a equivocada justificativa de ser medicinal. THC é tóxico, alucinógeno, cria dependência, marginaliza a dignidade do ser humano, dentre outros efeitos que causam o comprometimento cerebral, com largamente demonstrado em estudos científicos.

    No link da ANVISA poderão encontrar todas as normativas e a regulamentação atual para a importação do Canabidiol: http://s.anvisa.gov.br/wps/s/r/duS7

    no link do senado: http://www.debatemaconha.org.br/?cat=4 encontrarão importantes comentários técnicos e científicos sobre o tema

    http://www25.senado.leg.br/web/atividade/materias/-/materia/116101 encontrarão as bases do relatório final

    1. será que vao regulamentar pra fuma

    2. Caro Mario Sergio, seu comentário é muito importante. Como usuária de Cannabis Sativa há muitos anos para fins recreativos, e interessada em questões que envolvem sua regulamentação para futuro controle de produção e venda – reduzindo danos relativos à violência urbana e intoxicação por má qualidade do produto – devo discordar quando aponta os malefícios do THC como irremediáveis. Certamente aqueles que têm problemas de dependência química terão problemas com a planta, mas, no entanto, conheço dezenas ou até centenas de profissionais, de todas as áreas, que consomem esporadicamente a cannabis sem que isso lhes traga distúrbios mentais ou marginalização. Há muitos estudos também sobre os benefícios da regulamentação do uso da erva, especialmente no quesito da segurança pública e saúde, e está na hora de olharmos seriamente para os problemas sociais causados pela proibição das drogas. Se o tema não fosse sério, não haveriam as organizações internacionais abaixo com membros destacados no cenário politico global. Esse debate é mais que necessário. Um abraço e obrigada.

    3. Avatar de Luciano Souza
      Luciano Souza

      Por isso que o Brasil nunca irá para frente. Olhe o tipo de coisa que esse imbecil escreve!

  3. Avatar de Hilvaldo Patriarca dos Santos
    Hilvaldo Patriarca dos Santos

    Ola gente! Penso que e importantiissimo, mais do que necessario. Uma questao de ordem, de saude. Trata-se da saude de uma populacao que vive em risco permanente, de contaminacao, infeccao, e o pior e que as condicoes que sao apresentadas como assistencia medica, o tratamento, a profilaquicia, deixa a desejar e causa danos fisicos, morais, financeiros a populacao.
    Acredito que para termos sucesso com o THC, precisamos melhorar a educaco, educacao, educacao… caso contrario, os hospitais e clinicas serao saqueados, invadidas por pessoas sem esta educacao a procura do “barato”.
    Coisas do nosso Brasil.

  4. Avatar de Lucas Henrique
    Lucas Henrique

    Ja demoro de mais #descriminaSTF a erva salva vidas

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