A leitura de contos, poemas e prosa em grupo proporcionou alívio para aqueles que sofrem de dores crônicas, demonstra estudo da Universidade de Liverpool, no Reino Unido. A dor crônica caracteriza-se por um sofrimento que persiste, mesmo quando não há mais o dano físico. Pode estar ligada a traumas e experiências emocionais difíceis. A hipótese da pesquisa é que a leitura auxiliaria pacientes a acessar experiências emocionais “escondidas” que podem estar por trás da dor.
“Nosso estudo indicou que a leitura compartilhada pode ajudar a trazer para o consciente dores emocionais antes passivamente sofridas por pacientes com dor crônica”, disse Josie Billington, uma das autoras do estudo, em nota.
Leitura como terapia
Para avaliar a eficácia da leitura compartilhada, pesquisadores dividiram os participantes em dois grupos. Um deles fez leitura em grupo e o outro participou de sessões de Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) – um tipo de psicoterapia também usada para o tratamento de dores crônicas. Ao final, o grupo que participou da TCC se juntou à leitura.
Os grupos de leitura eram pequenos (2-12 pessoas). Os encontros eram semanais e os textos eram lidos em voz alta. O material de leitura variava e era escolhido por interesse dos participantes. Não houve um conteúdo específico ou gênero selecionado previamente.
Durante a leitura, eram feitas pausas regulares para encorajar as pessoas a refletirem sobre o que estava sendo lido, pensamentos ou memórias que o livro ou poema trouxe ou sobre como o conteúdo se relacionava com suas próprias vidas.
Curar a pessoa – não só a dor
Ao final do estudo, enquanto os participantes do TCC controlavam as emoções por meio de técnicas sistemáticas, os participantes da leitura conseguiam acessar as dores e articular saídas. Os pesquisadores, no entanto, não cravaram que uma técnica é superior à outra. A ideia é que ambas podem ser combinadas para ajudar na superação da dor.
“Enquanto a leitura traz maior encorajamento e enfrentamento da dificuldade emocional, a terapia cognitivo comportamental ajuda na gestão da emoção no curto prazo”, afirma Billington.
Por fim, uma vantagem da leitura é que ela pode ser um gatilho para recordar experiências relacionadas à toda a vida – e não só as do período afetado pela dor. “Isso, por si só, tem um efeito potencialmente terapêutico em ajudar a recuperar uma pessoa inteira, não apenas uma doente”, conclui o estudo.
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