Uma grande revisão do conhecimento produzido até hoje sobre a leptospirose, uma infecção bacteriana comum em áreas pobres e sem saneamento, revelou a existência de um número muito maior de casos do que previam as estimativas.
De acordo com os pesquisadores, há cerca de um milhão de novos casos de leptospirose a cada ano e cerca de 59 mil mortes.
O projeto teve a colaboração de pesquisadores da Fiocruz Bahia, da Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia e da Yale School of Public Health, University of Zurich e Organização Mundial de Saúde. O trabalho está publicado na edição atual da revista PLos Neglected Tropical Diseases.
Os resultados do estudo permitem afirmar que a incidência atual da doença configura um importante problema de saúde global que tem sido negligenciado porque ocorre nos segmentos mais pobres da população mundial.
Como o investimento em pesquisa é muito pequeno, até hoje não existe um teste diagnóstico adequado para a leptospirose. Segundo os pesquisadores, faltam também medidas efetivas de controle contra a doença.
Embora essa infecção seja relativamente desconhecida no mundo desenvolvido, o estudo mostra que ela é um flagelo crescente em ambientes pobres em toda a América Latina, África, Ásia e regiões insulares.
De acordo com o trabalho, está entre as principais causas zoonóticas de adoecimento e morte no mundo. A cada ano, conforme o levantamento, 59 mil pessoas morrem por leptospirose
“Acreditamos que este estudo traz a evidência necessária para subsidiar políticas nacionais e internacionais de prevenção da doença, tais como o desenvolvimento de novas vacinas e melhorias das condições ambientais e sociais que levam à sua transmissão”, escreveram os pesquisadores no artigo publicado.
A estimativa é de que os casos aumentem ainda mais nas próximas décadas. Essa afirmação dos pesquisadores está sustentada pela previsão de que a população de favelas ao redor do mundo irá dobrar em 2030.
Entre os fatores que se somam a esse crescimento para multiplicar a leptospirose estão a rápida urbanização com esgotos e saneamento inadequados e as mudanças climáticas globais, com chuvas sazonais intensas e eventos extremos, como terremotos.
O que é leptospirose (*)
Trata-se de uma doença bacteriana que afeta os seres humanos e animais. É causada por bactérias do gênero Leptospira. Em humanos, pode causar uma grande variedade de sintomas. Algumas pessoas infectadas, no entanto, podem não registrar todos os sintomas.
Sem atenção médica, há risco de danos nos rins, meningite (inflamação da membrana em torno do cérebro e medula espinhal), insuficiência hepática ou pulmonar agudas. A morte ocorre em 10% dos pacientes e até 70% podem desenvolver formas hemorrágicas da doença.
As bactérias que provocam a doença se espalham através da urina de ratos e outros mamíferos. O microorganismo sobrevive na água e no solo e infeta seres humanos pelo contato com escoriações na pele.
É comum os pacientes com leptospirose serem diagnosticados erroneamente, pois os sintomas podem ser confundidos com malária, dengue ou outras doenças.
Principais sinais e sintomas
Nos seres humanos, podem ocorrer um ou mais dos seguintes sintomas: febre alta, dor de cabeça, calafrios, dores musculares, vômitos, icterícia (pele e olhos amarelos), olhos vermelhos, dor abdominal, diarréia, erupção cutânea.
O tempo entre a exposição de uma pessoa a uma fonte de contaminação e o surgimento da doença é de 2 dias a 4 semanas. A doença geralmente começa abruptamente com febre e outros sintomas.
A infecção pode ocorrer em duas fases. Após a primeira fase (com febre, calafrios, dor de cabeça, dores musculares, vômitos ou diarréia), o paciente pode se recuperar por um tempo, mas ficar doente novamente.
Se houver uma segunda fase, será mais grave; a pessoa pode ter insuficiência renal ou hepática ou meningite. Esta fase também é chamada de doença de Weil.
Dicas de prevenção em atividades aquáticas ao ar livre (**)
- Se as suas atividades ao ar livre envolverem água doce ou solo úmido (enlameado), você pode tomar medidas para reduzir suas chances de contrair a leptospirose;
- Pesquise a área para estar ciente se há riscos potenciais, especialmente se você está indo a algum lugar novo em férias;
- Use roupas e sapatos de proteção;
- Aguarde até que cortes ou arranhões estejam curados antes de entrar em água doce ou solo úmido. (Se você não pode esperar, cubra os cortes e arranhões com curativos à prova d’água);
- Tente evitar a imersão ou ingestão da água de lagos, rios ou pântanos;
- Se tiver sintomas, vá ao médico. Isto é especialmente importante se esteve recentemente em água doce, solo úmido ou lama. O médico pode fazer testes e determinar o tratamento.
(*) e (**) Fonte: Informações do Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos http://www.cdc.gov/leptospirosis
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