Na leva de estudos recentes que estão desconstruindo crenças sobre o papel dos pais na educação de seus filhos, o da Universidade de Michigan (EUA) mostra que eles são mais que uma “figura” paterna. Pais e mães têm influência direta sobre o desenvolvimento de seus descendentes, diz a pesquisa. O estudo foi publicado no Early Childhood Research Quarterly e no Infant and Child Development.
Após analisar 730 famílias, pesquisadores mostraram que pais são fundamentais no desenvolvimento cognitivo na primeira infância e nas habilidades sociais ao longo do crescimento de seus filhos. O estudo enfatiza ainda que programas e políticas públicas que visem o desenvolvimento infantil devem centrar seus esforços tanto em pais como em mães –e não somente nelas, como é o mais comum.
“Há essa falsa ideia de que os pais não causam efeitos diretos sobre os seus filhos, que eles só criam um pano de fundo para o ambiente familiar, enquanto as mães são as responsáveis pelo desenvolvimento das crianças”, disse Claire Vallotton, professora da Universidade de Michigan.
“Nós mostramos que os pais realmente têm um efeito direto sobre seus descendentes, tanto no curto prazo quanto no longo prazo”, conclui. Os trechos foram retirados de nota sobre o estudo, do qual Valloton é uma das autoras.
Pais afetam habilidades sociais como autocontrole
O estudo mostrou que altos níveis de estresse dos pais têm efeito negativo sobre o desenvolvimento cognitivo e de linguagem de seus filhos na primeira infância (entre 2 e 3 anos de idade), mesmo quando os efeitos das mães foram levados em consideração. Este impacto não foi igual para ambos os sexos dos descendentes. A influência de pais sobre a linguagem de meninos foi maior do que sobre meninas.
Segundo a pesquisa, a saúde mental de pais e mães teve influência semelhante no comportamento de crianças. Mas o estado mental dos pais teve um impacto a longo prazo, em especial nas habilidades sociais (tais como autocontrole e cooperação).
Sintomas paternos de depressão na primeira infância da criança têm mais influência sobre as habilidades sociais delas do que a depressão de suas mães.
Tamesha Harewood, também autora do estudo, salienta a importância desse achado –principalmente no que tange a políticas públicas sobre o desenvolvimento infantil. Ela afirma que muitos programas enfatizam que os pais devem estar “presentes” ou suprir economicamente os seus filhos, mas que é preciso ir além.
“É preciso estimular os pais a pensar como o estresse ou a depressão podem estar influenciando seus filhos. Para compreender e ajudar as crianças em seu desenvolvimento, deve-se ter uma visão abrangente de toda a família, incluindo tanto a mãe quanto o pai.”
Deixe um comentário