Atualmente importado da Alemanha, o medicamento Betainterferona 1ª subcutânea, usado no tratamento da esclerose múltipla (nome comercial Rebif) passará a ser fabricado no Brasil. Normalmente, esse é o primeiro medicamento indicado para tratar a doença.
O acordo de transferência de tecnologia foi assinado na quarta-feira (9) entre o Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos da Fundação Oswaldo Cruz (Bio-Manguinhos/Fiocruz) e os laboratórios Merck e Bionovis.
O instituto Bio-Manguinhos terá sete anos para incorporar todas as etapas de produção. No final desse prazo, o remédio será totalmente fabricado no Brasil.
A primeira remessa do medicamento dentro do acordo de transferência de tecnologia chega em novembro. A expectativa é de a medida gere uma economia R$ 27 milhões para os cofres públicos, já que o medicamento oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS) é de alto custo.
Cerca de 12 mil pacientes estão em tratamento pelo SUS, sendo que 3,5 mil utilizam a Betainterferona 1ª, classificada como medicamento de alto custo.
Para o presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha, o acordo contribui para a sustentabilidade do SUS e para a autonomia do país. “Você tem a garantia de produção nacional com pleno domínio da tecnologia, já que você está garantindo a apropriação do conhecimento para desenvolver esses produtos. Isso, do ponto de vista da soberania nacional, é fundamental, porque nos torna independentes de flutuações de preços de mercado internacional.”
O diretor do Bio-Manguinhos, Artur Roberto Couto, disse que a transferência de tecnologia permitirá ao instituto desenvolver novos produtos. “Estamos falando de tecnologia de ponta. Para nós é muito importante, não olhamos só os produtos e, sim,a plataforma tecnológica com que são desenvolvidos. Há possibilidade de desenvolvermos novos produtos nessa plataforma tecnológica, agregar valor para a organização a partir dessas discussões de transferência de tecnologias.”
Saiba mais sobre a doença
A esclerose múltipla (EM) é uma doença crônica do sistema nervoso central que afeta o cérebro e a medula espinhal e que interfere na capacidade do cérebro e da medula espinhal para controlar funções, como caminhar, enxergar, falar, urinar e outras.
A Associação Brasileiroa de Esclerose Múltipla (Abem) estima que 35 mil brasileiros são portadores de esclerose múltipla. Incide geralmente entre 20 e 50 anos de idade, predominando entre as mulheres.
Cerca de 12 mil pacientes estão em tratamento pelo SUS, sendo que 3,5 mil utilizam a Betainterferona 1ª, normalmente o primeiro medicamento indicado para tratar a doença.
Os sintomas podem ser muito variados mesmo que o tempo de evolução ou atividade da doença seja semelhante. Além disso, suas manifestações podem ser confundidas com as de outras doenças neurológicas, o que explica a dificuldade do diagnóstico.
De modo geral, sintomas neurológicos agudos ocorrem em episódios, podem piorar de intensidade por um determinado período (alguns dias) e diminuir em seguida. As alterações visuais, de sensibilidade, da força muscular, coordenação ou equilíbrio são as mais comuns e ocorrem mais precocemente. Para ser considerado surto, o sintoma deverá persistir por um período mínimo de 24 horas, na ausência de alguma infecção no organismo.
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