Em um dos maiores estudos de revisão já feitos sobre o metilfenidato (princípio ativo da Ritalina), o grupo Cochrane recomendou que se tenha cautela no uso do medicamento, que pode causar insônia e perda de apetite em crianças. O estudo alerta ainda que, apesar do grande número de pesquisas produzidas sobre o composto, elas são de baixa qualidade. Com isso, os efeitos colaterais desses medicamentos ainda não estão inteiramente mapeados.
A nova revisão feita pelo grupo Cochrane sobre o composto avaliou dados de 185 estudos clínicos controlados. As pesquisas envolveram mais de 12.000 crianças ou adolescentes de ambos os sexos e com idades entre 3 e 18 anos. Os estudos foram realizados principalmente nos Estados Unidos, Canadá e Europa.
O grupo Cochrane é uma respeitada organização internacional que produz estudos de qualidade para ajudar na tomada de decisões em saúde. Sua sede fica em Oxford, no Reino Unido. A pesquisa sobre o composto foi publicada no dia 25 de novembro no British Medical Journal.
O metilfenidato, ou Ritalina, é um dos medicamentos mais usados para tratar o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), uma das condições mais diagnosticadas na infância hoje. Os sintomas incluem dificuldade de focar a atenção, comportamento excessivamente impulsivo e extrema hiperatividade. Estima-se que o TDAH afeta em torno de 5% das crianças.
Um dos principais problemas enfrentados atualmente sobre a condição é o seu diagnóstico. Como na maioria das vezes ele é feito por meio do julgamento clínico sem critérios e marcadores objetivos, suspeita-se de abuso da prescrição da Ritalina para crianças que não necessariamente sofrem do transtorno.
O Brasil é o segundo maior consumidor de Ritalina do mundo. Estimativas da Universidade Estadual do Rio de Janeiro apontam que, nos últimos dez anos, o consumo do medicamento aumentou 775% no País.
Essa nova revisão do grupo Cochrane sobre o composto inclui dados de 185 estudos clínicos controlados. As pesquisas envolveram mais de 12.000 crianças ou adolescentes de ambos os sexos e com idades entre 3 e 18 anos. Os estudos foram realizados principalmente nos Estados Unidos, Canadá e Europa.
Conclusões do grupo sobre a Ritalina
Na análise, pesquisadores concluíram que a melhora após o início do tratamento com o metilfenidato é apenas modesta. Também pesquisas sobre os efeitos adversos da substância mostram que crianças e adolescentes estão mais propensos a terem problemas de insônia e de falta de apetite quando estão sob a terapia.
No entanto, o dado que mais chama a atenção é o fato dos pesquisadores mencionarem um grau de confiança muito baixo nos estudos que analisaram a substância até hoje. Eles dizem que em muitos dos estudos era possível com que as pessoas soubessem as medicações que estavam sendo administradas (geralmente, os estudos mais sérios tomam cuidado para que haja sigilo sobre qual grupo está de fato tomando a medicação para que o resultado sobre a eficácia da substância seja o mais fiel possível).
A apresentação dos resultados não foi considerada completa em muitos dos ensaios sobre o metilfenidato. “Esta avaliação destaca a necessidade de estudos de melhor qualidade, de longo prazo,para que possamos determinar o efeito médio dessa droga de forma mais confiável”, escreveram os autores.
Com base nesta informação, os investigadores incitam médicos a serem mais cautelosos na prescrição de metilfenidato.
Ainda não se sabe exatamente quais crianças e adolescentes, de fato, podem se beneficiar da substância e, por isso, a evolução da terapia e a ocorrência de possíveis efeitos colaterais devem ser acompanhadas de perto.
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