Novos dados da Organização Mundial da Saúde revelam que cerca de 325 milhões de pessoas no mundo vivem com infecção crônica pelo vírus da hepatite B (HBV) ou pelo vírus da hepatite C (HCV). O relatório “WHO Global Hepatitis” de 2017, divulgado este mês, indica ainda que a grande maioria não tem acesso a testes e tratamentos. Como resultado, milhões de pessoas estão em risco de uma lenta progressão para doença hepática crônica, câncer e morte.
“A hepatite viral é agora reconhecida como um grande desafio de saúde pública que requer uma resposta urgente”, disse Margaret Chan, diretora-geral da OMS. “E existem vacinas e medicamentos para combater a doença”.
Os dados da OMS mostram que a hepatite viral causou 1,34 milhão de mortes em 2015, um número comparável às mortes causadas pela tuberculose e pelo HIV. Mas enquanto a mortalidade por tuberculose e HIV estão diminuindo, as mortes por hepatite estão aumentando.
Aproximadamente 1,75 milhões de pessoas foram infectadas com hepatite C em 2015, elevando o total global de pessoas vivendo com hepatite C para 71 milhões.
Embora as mortes globais por hepatite estejam a aumentar, novas infecções de hepatite B especificamente estão diminuindo, graças ao aumento da cobertura da vacinação contra o o vírus entre as crianças. No mundo, 84% das crianças nascidas em 2015 receberam as 3 doses recomendadas de vacina contra hepatite B.
No entanto, estima-se que 257 milhões de pessoas, em sua maioria adultos nascidos antes da introdução da vacina contra o VHB, estavam vivendo com infecção crônica por hepatite B em 2015.
Epidemias em regiões e “hotspots”
Os níveis de hepatite B variam amplamente entre as regiões da OMS, com África apresentando o maior número de infectados. Na África, a prevalência é de 6,1%(60 milhões de pessoas), enquanto nas Américas o índice é de 0,7% ( 7 milhões de pessoas).
O acesso ao tratamento é baixo
Atualmente não existe vacina contra a hepatite C, e o acesso ao tratamento é baixo. Por isso, a OMS tem por meta que o mundo teste 90% das pessoas para hepatite e trate, pelo menos, 80% delas até 2030.
O relatório observa que apenas 9% de todas as infecções por hepatite B e 20% de todas as infecções por hepatite C foram diagnosticadas em 2015. Em relação ao tratamento, apenas 8% das pessoas diagnosticadas com hepatite B (1,7 milhões de pessoas) estavam sendo tratadas, e apenas 7% dos diagnosticados com hepatite C (1.1 milhão de pessoas ) tinham começado o tratamento curativo durante esse ano.
A infecção pela hepatite B requer tratamento ao longo da vida, e a OMS atualmente recomenda o medicamento tenofovir, já amplamente utilizado no tratamento do HIV. Já a hepatite C pode ser curada dentro de um tempo relativamente curto usando os antivirais de ação direta altamente eficazes (DAAs).
Segundo a OMS, um teste de diagnóstico custa menos de US$ 1 e a cura para a hepatite C pode ser inferior a US$ 200.
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