Relatório sobre segurança no trânsito da Organização Pan-americana de Saúde publicado agora em setembro recomenda que países adotem velocidade igual ou inferior a 50 km/h para diminuir número de mortes no trânsito. A recomendação é uma resposta ao cenário de acidentes observado nas Américas: mais de 154 mil pessoas morreram devido a lesões relacionadas ao trânsito em 2013 e, entre 2010 e 2013, as mortes no trânsito aumentaram 3% na região.
O número de mortes nas Américas representa quase 12% de todas as mortes relacionadas ao trânsito em nível mundial. Ainda, acidentes dessa natureza são a principal causa de morte entre jovens com idade entre 15 e 29 anos, particularmente entre homens (73%).
De acordo com a OPAS, o aumento da velocidade também aumenta a probabilidade de acidentes e da gravidade de suas consequências, em especial para os pedestres, ciclistas e motociclistas. Um pedestre tem menos de 20% de probabilidade de morrer se atropelado por um automóvel que circula a menos de 50 quilômetros por hora, mas quase 60% de possibilidade se atropelado a 80 quilômetros por hora.
São Paulo foi uma das cidades que adotou a redução de velocidade nos últimos anos. A medida foi implementada em julho de 2015 e um ano depois contribuiu para uma queda de 38,7% nos acidentes com vítimas nas marginais. Ainda, a lentidão diminuiu 8,7%. Também o número de acidentes, segundo a CET, caiu de 608 no primeiro semestre de 2015 para 380 no mesmo período esse ano.
Feita pelo prefeito Fernando Haddad (PT), a medida virou até objeto de disputa judicial com a Ordem dos Advogados do Brasil pedindo a reversão da mudança. A questão ainda tramita na Justiça e virou o principal objeto de disputa política em São Paulo: João Doria, candidato do PSDB, até adotou o slogan “acelera SP” em uma alusão à promessa de reverter a medida do adversário petista. Também Marta Suplicy, candidata do PMDB, prometeu rever os limites de velocidade se eleita.
Segundo a OPAS, no entanto, a redução de velocidade é uma das medidas que contribuem para a diminuição do número de mortes no trânsito. “Os acidentes no trânsito provocam muitas lesões e mortes evitáveis e geram um fardo pesado para os sistemas de saúde”, afirmou Carissa F. Etienne, diretora da OPAS, em nota da organização.
O documento observa que, de modo geral, países não fizeram o suficiente para executar medidas que contribuem para o número de mortes. Além da diminuição da velocidade, a organização recomenda o uso do cinto de segurança por todos os passageiros do veículo, os limites de concentração de álcool no sangue de 0,05g/dl, o uso de capacetes por todos os ocupantes de motocicletas e o uso de sistemas de retenção para crianças.
Mortes entre motociclistas crescem
O documento aponta que mortes entre motociclistas foram as que mais cresceram na região. Elas passaram de 15% para 20% entre 2010 e 2013. O aumento estaria associado ao crescimento da frota de motocicletas do hemisfério, que quase duplicou entre 2007 e 2013, passando de 6% para 11%.
“A aceleração da urbanização, a necessidade de se mover rapidamente e o crescimento econômico em alguns países têm contribuído para o fato de que as pessoas que antes caminhavam agora estão utilizando motocicletas”, disse Eugênia Rodrigues, assessora regional em Segurança do Trânsito da OPAS/OMS, em nota.
“Uma oferta de transporte público seguro, acessível e sustentável e uma boa infraestrutura com calçadas, semáforos e travessias é essencial para proteger a saúde e aumentar os níveis de atividade física da população”, considerou.
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