O papa Francisco afirmou nesta quinta-feira (18) que evitar a gravidez não é um “mal absoluto” e admitiu o uso de contraceptivos como forma de controlar possíveis sequelas do vírus zika. A declaração foi dada a jornalistas durante o vôo de volta à Roma após seis dias de visita ao México. Estudos apontam a relação do vírus com graves alterações neurológicas e microcefalia em recém-nascidos.
Sobre a possibilidade de aborto, Francisco condenou mais uma vez qualquer tentativa de interrupção da gravidez. “Matar uma pessoa para salvar a vida de outra é o que a máfia faz. É um mal absoluto. No caso de evitar a gravidez, não é um mal absoluto”, disse.
Recentemente, a Organização das Nações Unidas pediu aos países mais atingidos pelo Zika que facilitem o acesso das mulheres à contracepção e ao aborto por questões humanitárias.
Francisco mencionou o papa Paulo VI, que permitiu às freiras em missão na África tomarem a pílula em regiões onde corriam o risco de ser violadas.
Em artigo publicado hoje, a comentarista e jornalista Filomena Naves, do Diário de Notícias, de Lisboa, em Portugal, lembra: “Aids e zika. Até hoje, estas são as únicas exceções admitidas por dois Papas para o uso do preservativo, e apenas como forma de evitar aquelas doenças. Bento XVI assumiu em 2010 essa posição, de forma prudente, em relação à Aids. O seu sucessor, Francisco, fê-lo ontem em relação ao zika, aceitando os métodos de contracepção para impedir eventuais casos de bebes com microcefalia. Serão dois pequenos passos, mas eles mostram que a Igreja de Roma, afinal, também se move. “
Na prática, em relação à Aids, a Igreja Católica se manifestou três décadas após o surgimento da epidemia, nos anos 1980. Nessa fase, o vírus já havia se expandido pelo mundo e infectado milhares de pessoas. O papa Francisco foi mais rápido.
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