Um estudo da Fiocruz Bahia e da UFBA (Universidade Federal da Bahia) mostrou que o programa Estratégia Saúde da Família (ESF) conseguiu diminuir significativamente a mortalidade de brasileiros no período de 2000 e 2012. O levantamento foi publicado agora em janeiro no periódico Health Affairs e foi feito em parceria com o Imperial College de Londres e a Universidade de Harvard.
O ESF é um plano de qualificação da atenção básica na saúde. O intuito é a construção de um relacionamento com o usuário do SUS. São feitas visitas domiciliares e estratégias mais atentas de cuidado.
Segundo a pesquisa, se a cobertura do Estratégia Saúde da Família chegar a 100% no Brasil, 6.400 mortes por ano poderiam ser evitadas. Esse número ainda poderia chegar a 10.400 menos mortes se municípios melhorassem indicadores de governança.
Governança, diz o estudo, é “a combinação de fatores políticos, sociais, econômicos e institucionais que afetam o comportamento de organizações e indivíduos e que influenciam o seu desempenho”. O termo tem sido fortemente usado em estudos de saúde pública e a estratégia é um dos pilares da Organização Mundial de Saúde. Para a entidade, uma boa governança é essencial para melhorar indicadores de saúde de populações.
De olho nessa relação entre saúde e governança, os pesquisadores analisaram dados de 1.622 municípios brasileiros entre 2000 e 2012 e demonstraram que os municípios com melhores níveis de governança tiveram as maiores reduções na mortalidade. Eles também constataram que a cobertura de atenção primária foi associada com reduções na mortalidade.
No estudo, pesquisadores também observaram que no Brasil uma melhor governança de saúde está correlacionada com a expansão do Estratégia Saúde da Família. Isso porque, no levantamento, municípios com melhor governança tinham maior cobertura do ESF.
Para chegar aos resultados que correlacionavam a mortalidade, no entanto, os pesquisadores dividiram as causas de mortalidade entre sensível aos cuidados de saúde ou insensível à estratégia. De modo geral, ambas as taxas de mortalidade (sensível/insensível) diminuiu 1,7% de um ano para o outro entre 2000 e 2012.
Já a expansão da ESF foi associada a uma queda de 6.8% nas taxas de mortalidade de condições sensíveis aos cuidados de saúde. Não houve, entretanto, diminuição significativa quando consideradas as condições e fatalidades não sensíveis aos cuidados de saúde.
Sobre o Estratégia Saúde da Família
A Estratégia de Saúde da Família foi introduzida em 1994 e é um dos principais pilares de governança do Sistema Único de Saúde. Cada programa conta com médicos de atenção primária, enfermeiras, agentes de saúde e atende aproximadamente mil famílias. Pode incluir também profissionais de saúde bucal. As equipes fornecem cuidados primários abrangentes, incluindo saúde infantil, prevenção de doenças crônicas, visitas domiciliares e encaminhamentos.
O programa abrange 5.465 dos 5.565 municípios brasileiros. São 121,2 milhões de indivíduos atendidos (121,2 milhões de pessoas, 62,5% da população, segundo dados de 2014).
Vários estudos já analisaram o impacto do programa. A maioria demonstra que, em comparação com menor cobertura do ESF, o programa reduziu internações, diminuiu as taxas de mortalidade infantil e de mortes por doenças cardiovasculares. O ESF é detalhado na Política Nacional de Atenção Básica do Ministério da Saúde.
Leia o estudo:
Large Reductions In Amenable Mortality Associated With Brazil’s Primary Care Expansion And Strong Health Governance.
Disponível em: http://content.healthaffairs.org/content/36/1/149.full.pdf+html
Política Nacional de Atenção Básica do Ministério da Saúde.
Disponível em: http://dab.saude.gov.br/portaldab/biblioteca.php?conteudo=publicacoes/pnab
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