Com um objetivo de saber porque algumas pessoas se opõem fortemente à união entre pessoas do mesmo sexo, um estudo da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA) entrevistou homens e mulheres e, após estudo minucioso, chegou a uma conclusão interessante. Pesquisadores acreditam que essa oposição está relacionada ao medo de perder o seu próprio casamento. Esse medo, dizem, tem origem na convicção de que homens e mulheres homossexuais seriam mais promíscuos que heterossexuais.
“Muitas pessoas que se opõem ao casamento entre pessoas do mesmo sexo ficam desconfortáveis com o sexo casual e se sentem ameaçados pela ideia da promiscuidade sexual”, disse David Pinsof, estudante de psicologia da UCLA e principal autor do estudo.
Para chegar a essa conclusão, Pinsof entrevistou 523 homens e 562 mulheres, 27% dos quais se diziam contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Em uma outra parte do estudo, os participantes também fizeram um teste que demonstrava em que medida eles associavam fotos de casais homossexuais com palavras e frases como “promíscuos” e “sexo casual”.
Segundo a pesquisa, o perfil de quem é contra também é composto por pessoas que se casaram mais jovem, têm mais filhos e acreditam nos papeis tradicionais de gênero -com os homens como chefes da família e as mulheres, as donas de casa.
Também, segundo o estudo, a ideia da promiscuidade sexual se relaciona com uma ameaça à fidelidade do parceiro, já que, em tese, com outras pessoas sendo promíscuas, o cônjuge teria mais oportunidades para a traição. O medo dessa ameaça também se explica pelo fato de que todo um estilo de vida e até a sobrevivência também está em jogo –como, por exemplo, no caso de mulheres financeiramente dependentes de seus maridos.
As pessoas que sentem que seu estilo de vida está ameaçado, afirmam, tendem a ser socialmente conservadores e acreditam fortemente em papéis tradicionais de gênero. “Entre eles, estão mulheres que priorizam a família ao longo da carreira e que entendem os votos matrimoniais como sagrados”, diz Martie Haselton, professora da UCLA e uma das autoras do estudo.
Sem chance para burlar os resultados
Os pesquisadores também trabalharam em estratégias para evitar com que os entrevistados tentassem burlar o resultado. Em assuntos sensíveis, é comum que participantes digam aos pesquisadores o que eles gostariam de ouvir ou se alinhem com o que é mais socialmente aceito.
Para isso, os entrevistados foram instruídos a pressionar um botão sempre que viam uma foto de um casal gay associada a uma palavra –monogâmico ou promíscuo, por exemplo. A proximidade ou não com a ideia foi medida pela velocidade com que apertavam o botão.
“Se você não consegue dissociar gays da promiscuidade, você vai demorar mais para apertar o botão quando gay e monogâmico aparecer”, explica Pinsof. O teste mostrou que muitas pessoas tendem a associar “gay” e “promíscuo”.
Em seguida, investigadores pediram as pessoas para marcar até que ponto concordavam ou não com as frases abaixo:
- O casamento é só entre homens e mulheres
- Casamento gay ameaça a família
- Eu sou contra a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo
- Eu sou a favor da proibição constitucional do casamento gay
- Casais do mesmo sexo devem ter os mesmos direitos legais que casais heterossexuais
Pessoas mais conservadoras sexualmente tendem a ser contra
O nível de “conservadorismo sexual” foi medido com base em quanto os participantes concordavam ou não com declarações como “Sexo sem amor é ok” ou “Eu consigo me imaginar, estar confortável e apreciar o sexo casual com parceiros diferentes”. Aqueles que concordaram mais facilmente com as frases eram mais suscetíveis a fazer declarações de apoio ao casamento gay.
“A oposição ao casamento entre pessoas do mesmo sexo é estratégico para pessoas que procuram salvar os seus casamentos e têm medo que uma mudança de definição sobre o casamento seja uma ameaça ao seu estilo de vida”, afirma Pinsof.
“Porque enxergam gays como promíscuos, eles têm a ideia de que o casamento gay está danificando a instituição do casamento como um todo.”
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