Um estudo da Universidade de Houston (EUA) publicado na edição de setembro do Journal of Clinical Psychology estudou pacientes em terapia com o intuito de explicar o porquê de muitos deixarem de ir ao terapeuta subitamente antes do período recomendado.
Pesquisas anteriores mostraram que metade das pessoas não termina o tratamento. Mais do que falta de afinidade ou dificuldades com o tratamento o que os cientistas descobriram é que, na maioria dos casos, pacientes tendem a deixar o tratamento quando melhoram muito rápido.
“Quanto mais rápido melhoram comparado com quando começaram o tratamento, maior a probabilidade de abandonarem a terapia”, diz Partha Krishnamurthy, professor da Universidade de Houston e autor do estudo.
O estigma associado ao tratamento de problemas mentais pode ser outra razão. Embora não há evidência direta, o especialista pondera que há indícios de que o paciente leve o estigma em conta quando pensa sobre abandonar o tratamento.
Como chegaram a essa conclusão
Os pesquisadores recrutaram 139 pessoas em uma clínica de tratamento para transtorno de ansiedade focada na terapia cognitivo comportamental (um tipo de abordagem que tem por foco a substituição de hábitos considerados nocivos por outros mais saudáveis).
Durante cada seção, os níveis de ansiedade dos pacientes eram avaliados. O que os pesquisadores encontraram com essa avaliação era que quanto mais baixa a ansiedade, maior a probabilidade de abandono da terapia.
O resultado, avaliaram os cientistas, contradiz o que estudos normalmente concluem sobre tratamentos: que, quanto maior o progresso, mais os pacientes aderem. Essa conclusão, dizem, provavelmente não se aplica à saúde mental.
“Quando o paciente começa a melhorar, o desejo da melhora fica menos importante quando comparado com os custos emocionais, financeiros, sociais e o tempo destinado à terapia”, escreveram os pesquisadores.
O problema, acreditam os cientistas, é que muitos pacientes melhoram rápido porque acessam técnicas de alívio de sintomas, como o relaxamento e até a medicação e, quando abandonam a terapia, ainda não resolveram outras questões mais estruturais.
Saídas para melhor tratamento
“Como fazemos com que as pessoas façam algo que não é necessariamente divertido?, pergunta Krishnamurthy.
Ele e sua equipe acreditam que o foco em ganhos futuros, mais do que no progresso da terapia pode ajudar a melhorar a adesão ao tratamento.
Incentivos financeiros, como redução e descontos após um número de seções, também pode funcionar como incentivo.
“No final do dia, a melhora no tratamento é o resultado de decisões e escolhas, tanto quanto de medicações e técnicas. O entendimento de como os pacientes fazem as decisões é um componente crítico para o atendimento à saúde”, conclui o pesquisador.
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